A imagem que reproduzimos acima, foi retirada de um texto da câmara municipal publicado nas redes sociais, a propósito da ausência da Feira de S. Miguel.
A primeira questão que se coloca é saber o que é uma Feira. Diremos então que feira é um evento em espaço publico em que as pessoas, em dias e épocas determinados, expõem e vendem mercadorias, podendo ainda ser uma exposição ou um parque de diversões ou o conjunto de todas essas actividades.
Aquilo que levou ao desaparecimento da Feira de S. Miguel foi as constantes alterações da sua localização. o que é essencial para o seu sucesso. Desde logo o abandono do espaço natural, o chamado Largo da Feira, andando depois de terreno em terreno, chegando ao ponto de se realizar num espaço privado.
Nos ultimos anos, a Feira de S. Miguel resumiu-se ao parque de diversões e mal, deixando a câmara e a sua empresa municipal, esta criada de propósito para a realização de eventos, para a entregar ao agora chamado promotor, a empresa CR20, a mesma que tem cedido viaturas para as campanhas eleitorais socialistas. Coincidência? Talvez sim, talvez não, porque também é o habitual beneficiario do monta e desmonta das tendas dos diversos eventos.
Há uns anos atrás, como visitantes ou em trabalho, estivemos na Feira de Cartaya, em Espanha, cidade com a qual a câmara de Olhão havia celebrado um protocolo. Atenção que a Feira de Cartaya se realiza nas mesmas datas que a de S. Miguel!
Mas há uma diferença abissal entre as duas feiras. A de Cartaya realiza-se na periferia, sempre no mesmo local, com arruamentos alcatroados, casas de banho enormes para homens e mulheres. Tem um palco de alvenaria com os camarins para os artistas e aloja o secretariado da feira. Tem uma pista de dança enorme e porque a época pode ser de chuva, tem um espaço coberto, amovivel, quase do tamanho dos nossos mercados. As ruas envolventes a esta zona estão pejadas de "casetas" em alvenaria, publicas e privadas, onde se pode comer e beber até altas horas da noite. Tem ainda um posto de policia temporário para "alojar" aqueles que se portam mal.
Numa semana, o tempo de duração da feira passam ali cerca de trezentas mil pessoas!
Para além desta zona, tem uma area para comercio/mercado e o parque de diversões, com aquilo que vemos nas nossas feiras e ainda discotecas em tendas. Há também uma area de exposição, onde são exibidos produtos da região.
Não há qualquer comparação possivel com a Feira de S. Miguel embora Cartaya seja relativamente pequena como cidade.
De há muito que defendemos que deve ser criado um espaço próprio para eventos deste tipo, sejam feiras, festivais ou simples mercados. A partir daí é criar eventos, dinamizar o espaço, e criar habitos.
Não temos a Feira de S. Miguel, como há muitos anos que deixou de haver a Feira de Maio, a feira de velharias e outros eventos que eram habituais.
Não temos um Festival de Sardinha por altura dos Santos Populares, não temos um Festival de caracol no mês de Maio, não temos um Mercado mensal, e continua-se a apostar no mesmo local para fazer o Festival de Marisco.
Em 1995 foi aprovado o Plano Director Municipal, onde constava o Parque Urbano, uma rea tão grande que vai da Avenida D. João VI até ao Brejo. Para esse Parque, apresentado como de grande interesse cultural, deveria ser objecto de um programa de ocupação especifico, de indole cultural e recreativa e que deveria ser precedido de um plano de pormenor. 27 anos depois da aprovação, continua tudo na mesma, porque a câmara está à espera que lhe deem o terreno.
Este era um investimento com retorno, já que uma vez dinamizado o espaço, as "tascas" e demais actividades teriam de pagar a utilização do espaço. Só a gula pelo dinheiro, com a cobrança de taxas elevadissimas, é que poderia evitar o sucesso da operação.
Vir dizer que o promotor CR20 e a autarquia farão regressar a Feira de S. Miguel em 2023, sem ter um terreno onde a realizar, é mera propaganda politica.
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