Fábrica de alfarroba vai triplicar produção em 2013 com nova unidade em Faro- Negócios 03/11/10 - Lusa
“A única fábrica portuguesa que transforma sementes de alfarroba e exporta matéria-prima para o Japão, EUA, Inglaterra, Holanda e Bélgica vai triplicar a produção a partir de 2013 com uma nova unidade fabril a construir em Faro, Algarve.
No centro da capital algarvia existe, desde 1944, a fábrica "Victus Industrial Farense" que transforma 1500 toneladas por ano de sementes de alfarroba, um fruto seco utilizado na indústria farmacêutica, para dar forma a alguns comprimidos, indústria cosmética para os cremes ou na alimentar, através de aditivos para pudins ou papas de bebé.
A autarquia de Faro tem, todavia, outros planos para aquela zona da cidade onde está implantada actualmente a unidade fabril e, até ao final deste ano, é iniciado o processo de deslocalização da fábrica, que emprega 14 pessoas.
"Vão ser necessários dois anos para a construção da nova fábrica, instalação e auditorias. A primeira pedra foi lançada em Fevereiro passado pelo ministro da Agricultura e o grosso da obra arranca este ano, com a construção da unidade de tratamento das sementes e tratamento de resíduos", avançou à agência Lusa o proprietário da futura fábrica.
Manuel Caetano acredita que ao longo do ano de 2013, a nova fábrica, que vai ficar edificada no Areal Gordo, perto da saída de Faro para Olhão, aumente a produção anual de 1500 toneladas/ano, para quatro mil toneladas/ano de sementes de alfarroba.
As quatro mil toneladas de sementes de alfarroba dão cerca de 40% de hidrocoloides (um espessante vulgarmente conhecido como E 410), e 20% de gérmen, uma farinha alimentar altamente proteica.
"Os hidrocoloides vão para os países mais desenvolvidos na área alimentar do fast food (comida rápida), como os EUA, Japão ou países do norte da Europa, como Inglaterra ou Dinamarca", referiu Manuel Caetano.
O gérmen, por seu turno, segue viagem para outras paragens, como por exemplo, Espanha, Holanda ou Bélgica, acrescentou Manuel Caetano, também conhecido por "mister Carob" ou "mister Alfarroba", por estar desde os 18 anos ligado ao sector alfarrobeiro.
O investimento para a nova unidade fabril de Faro, que manterá os mesmos 14 funcionários, é de 5,5 milhões de euros, sendo 35% do total do valor investido oriundo de fundos comunitários através do Quadro de Referência Estratégica Regional (QREN).
No Algarve existiam duas fábricas de transformação de alfarrobas, a Danisco e a Victus Industrial Farense, mas recentemente a dinamarquesa Danisco, que tinha sede em Faro, encerrou portas e deslocalizou-se para Valência (Espanha), levando toda a estrutura produtiva e desempregando 38 funcionários, entre os quais técnicos desempregados.
O volume de negócios no sector da alfarroba em Portugal ronda os "32 milhões de euros", referiu Manuel Caetano adiantando que apesar de Marrocos ser o país com maior capacidade de produção de alfarroba, é em Portugal que nasce a melhor do mundo".
Nota do Olhão Livre.
A maior parte da produção de alfarroba produzida na Europa provém da Região do Algarve e Portugal é o 3º maior produtor mundial desse fruto. Muitas das alfarrobeiras provêm do esforço dos nossos antepassados, pois a maior parte delas foram cultivadas pelas gerações anteriores às nossas. Como curiosidade a maior árvore desse fruto, em Portugal, encontra-se no Concelho de Olhão mais propriamente na Quinta da Parra em Moncarapacho.
Como em todos os sectores da agricultura em Portugal, também aqui se cometeram erros tremendos destruindo milhares de alfarrobeiras centenárias, para se plantarem pomares de laranjeiras para a caça aos subsídios da CEE e U.E.. Hoje jogam-se abaixo esses pomares e outros, para se voltar a plantar alfarrobeiras.
O negócio da transformação da alfarroba devia ter prioridade, pela parte do Estado. No entanto esse mesmo Estado deve também controlar a poluição provocada por essa indústria, pois não nos podemos esquecer que durante anos poluiu e continua a fazê-lo em Faro nas zonas sensíveis da Ria Formosa, com o fechar de olhos de todas as entidades responsáveis.
A multinacional Danisco, que encerrou agora as portas, despedindo 36 funcionários, mudando-se para Valência, durante anos polui a zona da Ria, atrás da estação de caminhos-de-ferro em Faro e não lhes foram pedidas responsabilidades nem lhes aconteceu nada. Argumentavam as autoridades que era para que a Danisco não despedisse os funcionários. Hoje a Danisco encerrou as portas, o mal ficou feito e quem vai agora gastar o dinheiro a repor o equilíbrio?
Também a Vitcus Industrial Farense tem todo o historial de produção referido, mas também ela é responsável pela poluição da zona da Ria Formosa onde os seus esgotos ainda hoje são despejados, ao lado do Moinho de Maré da Horta da Areia em Faro conforme mostra esta foto. Toda a zona está degradada, quem a vai limpar? Irá essa nova Fábrica da Victus Industrial Farense continuar a poluir a Ria Formosa sem lhe serem exigidas responsabilidades? Irá ser feita uma ETAR para tratar convenientemente os seus resíduos, altamente poluentes ou continuará o mesmo regabofe como até aqui?
Nós no Olhão Livre vamos estar atentos!