sexta-feira, 16 de novembro de 2012

FUZETA: REVOLTEM-SE, PORRA!

A concelhia de Olhão do partido dito socialista numa acção de propaganda eleitoral enviou um comunicado aos órgãos de comunicação regionais onde se insurge contra a Unidade Técnica pela decisão da extinção da Junta de Freguesia da Fuzeta e a sua agregação pela de Moncarapacho, lavando as mãos de uma situação em que o PS tem muitas culpas no cartório.
É certo que os tempos são outros e que as politicas seguidas de há uns anos a esta parte afastou as populações da participação da vida autárquica, de que a Câmara Municipal de Olhão é um exemplo. É certo que assistimos a um ajuste de contas com o passado, em que o Poder Local foi uma conquista das populações, por razões de proximidade. Mas também é certo que com o passar dos tempos os partidos que disputam entre si a alternância no poder central nada fizeram para dotar as Juntas de Freguesia com mais competências, reservando para as Câmaras o poder discricionario de uma delegação de competências ao mesmo tempo que reservavam para si a criação de jobs for de boys.
A actual "Reforma Administrativa" não passa de uma reforma do Poder Local, mal explicada, cuja redução de custos é insignificante e que no caso é aberrante.
A Fuzeta é uma freguesia secular, como todas as outras do concelho e de acordo com os critérios previamente definidos, incorre na mesma situação da de Olhão, isto é, as duas são urbanas cujo reduzidos territórios levou a que se fossem expandindo para as freguesias limítrofes, no caso Fuzeta-Moncarapacho e Olhão-Quelfes.
A Junta de Freguesia da Fuzeta tem recursos financeiros próprios, não precisando dos apoios do Estado para se manter. Dista da sede da freguesia de Moncarapacho mais de cinco quilómetros com apenas duas carreiras diárias entre si e o elo de ligação com a sede do concelho, a mais de oito quilómetros é feito por comboio, dificultando o acesso aos órgãos de decisão do Poder Local.
A população da Fuzeta tem um historial de luta que deve ser recordado para que as pessoas compreendam o que está em causa.
Sendo uma pequena comunidade piscatória em que as mulheres trabalhavam na industria conserveira  de Olhão, deslocando-se a pé e construíram as suas casas à beira-mar. Ao tempo não havia agua canalizada e por isso a roupa era lavada nos "olheiros". A construção do caminho de ferro implicava a destruição dos olheiros e por isso a comunidade pela calada da noite desmontava o que durante o dia os serviços do caminho de ferro construíam, até que foram obrigados a desviá-lo sob pena de não o acabarem.
Durante a ditadura os homens eram obrigados a ir para a pesca do bacalhau que nada tinha a ver com a pesca de hoje, e ciclicamente a GNR cercava o povoado para ir buscar os pescadores até mesmo debaixo da cama.
Mais recentemente, a Fuzeta detinha um poder muito grande graças à pesca longínqua, em Marrocos, contribuindo para que a lota de Olhão chegasse a ser a numero um do País, daí o piscar de olhos do Partido Socialista a uma população que vivia alguma prosperidade. População essa que levou ao colo o Chico Leal à presidência da Câmara, para o transformar no senhor engenheiro, arrogante, petulante, que se distanciou daqueles que lhe deram o Poder.
A posição do Partido Socialista nesta matéria é inequívoca, preocupando-se apenas com questões de índole eleitoral. É que se as duas freguesias urbanas, Fuzeta e Olhão, estão em igualdade de condições, se prestam o mesmo tipo de serviços, porque há-de acabar precisamente aquela que está mais longe, que maiores problemas de mobilidade tem, que tem receitas próprias, e não a outra? A razão é simples: Olhão tem mais peso eleitoral que a Fuzeta.
À população da Fuzeta assiste-lhe todo o direito de mostrarem a sua indignação e revolta, contra aqueles que os traíram e não souberam acautelar os seus interesses, com particular destaque para Francisco Leal e o Partido Socialista que se refugiava naquele pequeno bastião.
Mas se se vier a consumar a sua agregação, ´e bom que se lembrem que há outra formas de organização e de poder popular, que lhes permitirá de alguma forma colmatar a perda da Junta de Freguesia.
REVOLTEM-SE, PORRA!

3 comentários:

Anónimo disse...

"A actual "Reforma Administrativa" não passa de uma reforma do Poder Local, mal explicada, cuja redução de custos é insignificante e que no caso é aberrante" insignificante??? directa e indirectamente é bastante significativa. Estão a brincar ou são só intelectualmente desonestos???

a.terra disse...

Intelectualmente desonesto está a ser o comentador. É que não basta dizer-se que se reduz, é preciso quantificar e como parece estar habilitado, então diga lá a quanto monta a redução? Ponha lá os numeros que as pessoas gostam de saber.

Anónimo disse...

Quem é o camelo do anónimo que tem o desplante de afirmar que o caso da Fuseta é bastante significante? E ainda se atreve a acusar o(s) autor(es) do artigo em defesa da Fuseta de brincar(em) e de intelectualmente desonesto(s)? O Povo da Fuseta devia mesmo era revoltar-se como o fez nos anos do fascismo quando o comandante Henrique Tenreiro mandava a GNR à caça dos pescadores da Fuseta que se recusavam a assinar as condições miseráveis em que eram recrutados para a pesca do bacalhau nos mares da Terra Nova e que os afastava das famílias durante seis meses e que quando chegavam, muitas vezes, nem traziam dinheiro para pagar as dívidas que as famílias contraíam durante a sua ausência para que pudessem subsistir. No início chamei camelo ao anónimo para não lhe chamar outra coisa bem pior, parece que, tal como os actuais governantes esse anónimo não foi parido, foi cagado!
O que esperavam da estratégia do partido Socialista ao pronunciar-se pela manutenção das cinco ffreguesias? Já sabiam, à priori, que a decisão final recairia no âmbito da famigerada comissão que o governo nomeou e que inevitavelmente seria negociado, em surdina, pelos corredores dos bastidores, a manutenção de três freguesias que há muito são geridas pelo Partido Socialista, deixando cair a mais frágil para manter a única que é gerida pelo PSD. Assim, ficaram os dois satisfeitos e ainda vão ter a pouca vergonha de vir dizer à população da Fuseta que tudo fizeram para que a Fuseta permanecesse. É assim que a concretizar-se esta infame manobra de bastidores o Partido Socialista será recordado como o traidor que vendeu a Fuseta e a sua população a troco de nada...