sexta-feira, 8 de março de 2019

Viva o Dia Internacional de Mulher trabalhadora!

Hoje é o dia Internacional da Mulher Trabalhadora e nada como prestar uma justa homenagem a todas as operárias conserveiras de Olhão, e não só ,que durante décadas do Estado Novo, foram exploradas por industriais sem escrúpulos!
Hoje que tanto se fala em violência doméstica, não podemos deixar de dizer que é a mulher trabalhadora a maior vitima dessa violência, que as autoridades e alguns juízes compactuam com esse hediondo crime.
 Resultado de imagem para fotos de operárias conserveira de Olhão
Em Olhão nos últimos anos temos visto o actual presidente da C.M.Olhão, esbanjar dinheiro publico em estátuas sobre lendas que foram criadas pelos contrabandistas da altura, para afastar as pessoas de certos lugares, para o contrabando se fazer mais à vontade, mas nem um só cêntimo foi gasto em Olhão, de modo a perpetuar na memória das gerações vindouras a vida de  trabalho e exploração das laboriosas operárias conserveiras de Olhão.

Para quem é novo e não sabe da história  das laboriosas e valentes  operárias conserveiras de Olhão, que antes do 25 de Abril foram das mãos delas que saiu  a riqueza  de certos industriais, muitos deles sem escrúpulos, que no tempo da fartura da sardinha enchiam as fábricas de sardinha cavala biqueirão, e as obrigavam a trabalhar 12 horas diárias.

Os filhos bébés dessas corajosas operárias conserveiras, eram deixados em creches, que de creches só tinham o nome, pois não passavam de depósitos de bébés que eram deitados e dormiam, em caixas de conserva para encaixotar as latas de conserva, salvo raras excepções em que os industriais mais humanos, criavam um mínimo de condições, fazendo creches condignas para albergar os filhos das operárias conserveiras.

Refeitórios não havia, uma  hora de almoço e era um regalo, quando havia muitas operárias a trabalhar afastadas das suas casas, quase 3 km da fábrica, local que onde as rendas eram mais em conta,outras vinham de Quarteira e eram amontoadas,para não dizer armazenadas, em casas sem o mínimo de condições.

A maior parte das fábricas tinha um numero de operárias efectivas que lhes garantia três  dias de trabalho, ganhando ordenados de miséria e muito menos que os operários conserveiros, que eram em  muito menor que as operárias de conserveiras.
Quando havia fartura de peixe na costa fosse ele sardinha  cavala biqueirão ou xarro branco os patrões aproveitam a baixa de preços e toca de colocar operárias emprestadas, ou seja metiam ao serviço qualquer operária só até escoar a fartura do peixe comprado nos dias que o peixe ia barato.

O sinal que os patrões precisavam de mão de obra  barata e extra, era dado ao içar duas Bandeiras,(pois uma Bandeira era içada, sempre que a fábrica comprava peixe), e apitar os apitos que os fogueiros  apitavam com  a pressão do vapor das caldeiras.
Os apitos das fábricas eram diferentes e cada uma tinha o seu apito característico, era o sinal esperado, das operárias que não eram efectivas,então um exército de mão de obra barata, corria para a fábrica, na esperança de serem escolhidas para trabalhar; eram elas a principal força de trabalho desta indústria, desenvolvendo frequentemente a sua actividade em condições deploráveis.
 Muitas dessas operárias pagam ainda hoje o roubo feito pela falta de pagamentos de certos industriais que até ficaram os descontos, que descontavam às operárias para a Caixa de Previdência,estando hoje a maior parte dessas operárias a receber reformas que são uma autêntica miséria.
Sentem hoje na pele os roubos feitos pela benevolência do antigo regime, com esses industrias que roubaram os descontos das operárias.

Para quando a verdadeira homenagem a essas operárias conserveiras de Olhão?
Nós no Olhão Livre, não deixaremos que Olhão viva de lendas... Tentando apagar um passado recente, sem que se diga uma palavra sobre esse força de trabalho, onde essas  valentes mulheres foram o expoente máximo, dessa exploração desenfreada.

Viva o Dia Internacional de Mulher trabalhadora!
Que as operárias conserveiras de Olhão não sejam esquecidas!

2 comentários:

Anónimo disse...

Mesmo assim qual é a mulher que não trabalha?

Anónimo disse...

Discordo, a CMO fez uma homenagem ao proletariado de antigamente ao pintar com grafites as traseiras da antiga Conserveira do Sul e parte do edifício que está paredes meias com o Pingo-Doce!