quinta-feira, 25 de abril de 2019

REVOLUÇÃO E CONTRA REVOLUÇÃO

1 - Comemoram-se hoje quarenta e cinco anos de um golpe de Estado que degenerou na chamada Revolução dos Cravos.
A dita Revolução levou à elaboração da Constituição da Republica, onde eram salvaguardados os direitos fundamentais dos cidadãos. Depois da euforia veia a ressaca, e de forma paulatina, parte daqueles direitos foram retirados com o argumento de que era necessária uma Constituição mais aberta à economia.
Direitos fundamentais, bens e serviços essenciais, têm vindo a ser retirados ao Povo para os entregar de mão beijada ao capital. Habitação, educação, saúde e proteção social, já estão na maioria dos casos   entregues à iniciativa privada. Assim se transformam direitos fundamentais numa enorme fonte de negocio, onde quem não tiver dinheiro, não terá direitos!
2 - A primeira vez que surgiu o conceito de direita e esquerda, foi no parlamento francês para designar quem se sentava à direta ou esquerda do hemiciclo, configuração essa que  colocava à direita os defensores dos interesses do capital e à esquerda, os defensores dos direitos fundamentais de qualquer Povo.
Este conceito nada tem a ver com as classes e menos ainda com a luta de classes, que as actuais forças parlamentares tentam negar, alegando, de forma muito conveniente, já não haver margem para as ideologias.
3 - De há uns anos a esta parte que temos assistido à perda de de direitos tanto no campo laboral mas também em todas as áreas de proteção dos trabalhadores. A livre negociação da contratação colectiva de trabalho tem vindo a ser substituída pela concertação social, onde está representado o governo patrão e dos patrões, os representantes do patronato e também as confederações dos sindicatos.
E se ao patronato assiste o direito de regatear benefícios que satisfaçam a sua ganancia, dos representantes dos trabalhadores, esperava-se mais, muito mais. Foram as más práticas associativas, como no caso do sector cooperativo e nos sindicatos que levam à desmobilização do Povo em geral e dos trabalhadores em particular.
Os sindicatos e as suas confederações mais não têm feito que servir de correia de transmissão dos partidos que estão na sua origem, quando deveriam defender os interesses dos representados. 
É pelas más práticas associativas que assistimos à criação de novos sindicatos independentes capazes de afrontar o Poder político, como o mostraram recentemente os enfermeiros e motoristas de matérias perigosas; outros mais surgirão e isso merece uma profunda reflexão, pelos perigos que comportam tais mudanças, se essas organizações caírem nas mãos erradas.
4 - Este ano vão haver, no continente, dois actos eleitorais, com a direita a fazer de tudo para tomar a dianteira, usando de muitas falsidades mas também de um discurso fácil e populista para enganar as pessoas, como é o caso da corrupção entre outros.
A corrupção é um fenómeno que abrange sectores da direita e da esquerda parlamentar. Sendo certo que os actores políticos corruptos da dita esquerda dela beneficiam para enriquecimento ilegítimo e ou ilegal, não é menos certo que os beneficiados corruptores são em regra de direita. Vejam-se os casos do BPN, BPP, do BES e tantos outros, onde a promiscuidade entre responsáveis de direita e esquerda se comprometem. Não venham dizer que os Oliveira e Costa, Arlindo Cunha, Dias Loureiro, Ricardo Salgado são de esquerda! Olhe-se para a recente alteração á Lei que despenaliza algumas ofertas aos titulares de cargos políticos, aprovada com a cumplicidade de quase todo o parlamento, mandando o caso Galpagate para o cesto dos papeis! 
5 - No fundo, o que verificamos, passados estes quarenta e cinco anos, é que a Revolução está nos braços da conta revolução, por falta de liderança de um Povo imbecilizado pela comunicação social em geral e da televisão em particular, pelo futebol, pelas telenovelas, pelo drama, pelo choradinho.
A direita contra revolucionária já mostrou ao que anda, caso ganhe as eleições; a facilitismo nos despedimentos, a precariedade no trabalho, a perda de direitos sociais no acesso á habitação, à educação, à saúde e à proteção na terceira idade.
Quanto à esquerda parlamentar, ficamos com muitas duvidas na defesa daqueles direitos. Afinal em nome de uma governabilidade à "esquerda" tem colaborado na retirada de alguns, partindo do pressuposto do mal menor.
CONTRA REVOLUÇÃO, NÃO! REVOLUÇÃO, SIM! 

1 comentário:

Anónimo disse...

Até o genro do Jerónimo ganha uma fortuna a trocar lâmpadas em Loures!