domingo, 7 de março de 2021

OLHÃO: MERCADOS CONCEITO OU PRECONCEITO?

 Os Mercados de Olhão são a principal atracção turística da cidade não só pela arquitectura do edifício, mas muito pelas actividades ali desenvolvidas, o que, pela sua dimensão e diversidade, o equivalente a uma grande superfície comercial. 
Há uns anos atrás, os dois edifícios foram completamente demolidos e reconstruídos e embora melhorassem alguns aspectos, esqueceram-se de outros bem importantes para uma unidade renovada, como o facto de ter um tecto metálico, sem um tecto falso que isole do calor no Verão e do frio no Inverno, protegendo os bens alimentares ali vendidos. As bancas de peixe deveriam estar dotadas de frio, porque por mais fresco que o peixe ali chegue, o sobrante não tem condições de armazenamento.
Como qualquer outra grande superfície, e Olhão é o concelho do Algarve com maior numero desses estabelecimentos, para a eficiência desejada teria de ter, à semelhança dos outros um parque de estacionamento próprio. Mas até o pouco que tinha foi retirado!
A justificação encontrada para acabar com o estacionamento dos mercados centra-se nos novos conceitos urbanísticos que visam retirar dos centros da cidade o transito automóvel. Mas para nós, trata-se mais de um preconceito do que de um conceito.
É que se a ideia fosse essa, os Mercados teriam mudado para outro lugar onde pudessem ter o parque de estacionamento, tal como os serviços públicos administrativos dependentes do Poder Local ou Central, como os serviços administrativos da câmara, das empresas municipais, das finanças, da segurança social, tribunal e cartórios.
O que a justificação dada esconde é a libertação das zonas que antes ninguém queria mas que se tornaram nas mais apetecíveis para fins diferentes daqueles que sempre tiveram, o uso habitacional de quem sempre viveu nelas, estando nesse caso os bairros da Barreta, dos Sete Cotovelos, do Levante ou até mesmo do Mundo Novo. Ou seja, tudo quanto se aproxime da frente de mar, antes o habitat das conserveiras e pescadores. Outrora ninguém queria viver ali e agora querem expulsa-los e manda-los para os guetos da periferia.
No fundo a situação traduz-se no preconceito de que a "mulher" da fabrica ou do pescador, são "feios, porcos e maus" sendo indesejável a sua convivência com os visitantes.
Mas porque vivemos em democracia, com conceitos ou preconceitos, estas questões que sãp fracturantes para a sociedade olhanense, deviam ser precedidas por referendo vinculativo, até porque a audição publica sobre a zona ribeirinha não foi nada pacifica. 

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