terça-feira, 21 de maio de 2019

RIA FORMOSA: QUE SANTUÁRIO?

Na passada semana foi avançada a ideia da criação de um santuário para o cavalo-marinho, uma espécie protegida e em vias de extinção na nossa Ria. Nós sempre defendemos o cavalo-marinho e assim continuamos, embora discordando da forma como o pretendem fazer.
Dos bivalves aos cavalos-marinhos, todos eles são bio-indicadores da péssima qualidade das aguas da Ria cada vez menos Formosa, fruto da má gestão dos caudais dos esgotos directos e da má prestação das ETAR. No entanto os responsáveis pela criação do designado santuário pouco ou nada dizem sobre isso. O défice democrático do regime em que vivemos assim o determina, porque quem ousar denunciar o que aqui se passa, corre o risco de ficar sem os indispensáveis subsídios à investigação.
As mesmas entidades que agora defendem a necessidade da criação do santuário, são as mesmas que levaram dez anos a arrancar a seba, habitat do cavalo-marinho, para a levar para o Portinho da Arrábida. Mas ninguém quer assumir as culpas do crime que é a destruição daquele habitat! Porque não arrancam eles a caulerpa e a levam para o Portinho da Arrabida, se é assim tão boa?
A seba, são aquelas plantas de fundo, compridas, a que o cavalo-marinho se agarra; é também local de abrigo contra predadores de certas espécies piscícolas que ali vão depositar os seus ovos.
Em lugar da seba, surge uma erva invasora, infestante de seu nome caulerpa, que não serve de abrigo para nenhuma espécie, mas que os cientistas defendem a titulo da descarbonização da agua, como se a seba não tivesse também essa função natural.
A pretexto da criação do tal santuário, pretende-se interditar a presença humana com a declaração de zona de protecção total, mais uma que serve para correr com o pessoal que vive e trabalha na Ria Formosa.
É certo que a captura ilegal do cavalo-marinho deve ser combatida mas sem assumir a forma de  fundamentalismo que lhe querem atribuir. Mas será apenas a captura ilegal ou haverão outros factores que estão na degradação do habitat? Estamos a lembrar que, por exemplo, o canal entre a Culatra e a Ilha da Armona, é um canal secundário onde só podem navegar barcos a motor até aos nove metros, conforme o impõe o Plano de Ordenamento da Orla Costeira Vilamoura-Vila Real de Sº António. No entanto, todos os anos durante o Verão, é ver a quantidade de iates, alguns com trinta metros, fundeados na zona.
As correntes e os ferros, no seu movimento de rotação provocados pela alteração das correntes marítimas, destroem a seba, e nisto ninguém quer falar. Porquê? Porque é o turismo que necessita ser protegido, ainda mais que o cavalo-marinho! Estamos a falar de um santuário para o cavalo-marinho ou para o turismo?
E tanto assim é que quem propõe a criação do santuário vem também dizer que é preciso ter algum cuidado por causa das zonas turísticas. Grandes defensores, estes! E bela forma de os proteger!
Gostávamos era de saber como vão resolver o problema ao declarar a zona como de protecção total, ou seja interdita a presença humana e depois vão deixar os iates ali fundear. Será que os iates estarão vazios, sem pessoas?
Quando se defendem restrições deste tipo, deixando de fora o elemento estranho à Ria, como o turista, na prática estamos é a impor restrições àqueles que cá vivem e labutam e também precisam de ser protegidos dos governos que lhes roubam o dia-a-dia!

7 comentários:

Anónimo disse...

Santuário para os negócios exclusivos da MAFIA,o paraíso deserta um dos melhores exemplos.

Anónimo disse...

Fruto criminoso da degradação da qualidade da água e da assassina ganância humana desapareceram quase por completo as colónias de cavalos marinhos e de várias espécies piscícolas
assim como as vastas áreas de seba onde nidificam e vivem. Responsabilidade maior no crime recai sobre os que exercem as funções do Estado, por duvidosa competência, seriedade e atitude com moldura de interesses obscuros. Quando a sociedade se acomoda, não passando a atitude do palavreado inconsequente, tem dos que a governam desprezo e desconsideração.

Anónimo disse...

O que eles inventam para criarem monopólios. Com a renaturalização já criaram um santuário de negócio na ilha Deserta e tudo indicia que outros nascerão após varrerem as restantes tribos indígenas. Comparando bandidos, estás perdoado Salazar.

Anónimo disse...

https://www.quintareserva.com/contact.html?gclid=Cj0KCQjw4-XlBRDuARIsAK96p3B3bfW3-m-XAp7Xd4vqFJuewRfyYq_sC2jgMImCIS7XqTH_oG4L_W4aAvkrEALw_wcB

Anónimo disse...

Quando é que as correspondentes das tvs e jornais do Algarve deixam de fazer ano após ano patrocínio à ilha Deserta? Sempre com o mesmo tipo de reportagens (até já mete nojo) ... é o "coitado" que vive lá isolado por questões de saúde, mas no fundo essas reportagens beneficiam e são um chamariz para um negócio bem chorudo de uma empresa privada que domina e anima a ilha e parte da Ria/Oceano. Um negócio de Turismo numa ilha, diria quase privada, dados os preços praticados e as limitações de transporte para o veraneante comum.

Anónimo disse...

Para os donos disto tudo há " coitados" protegidos e "coitados" descartáveis. Saúde mental dá cobertura para " coitados" com funções de bufaria, saúde física é pretexto para a expulsão de "coitados" que empecilham negócios. Comparando bandidos, estás perdoado Salazar.

Anónimo disse...

Quando certos bufos comparam máfias perdoando uma das facções, das duas uma, ou o seu corporativismo foi afectado ou precisa urgentemente de um seguro de saúde mental!