É habitual no Verão sermos confrontados com a interdição de apanha de bivalves pela presença de biotoxinas na carne. Neste ano, o Covid derrotou as toxinas evitando as constantes interdições. Curioso, mas esquisito. Ou será que…?
Os turistas queixam-se do barulho dos motores dos barcos da ganchorra e nada melhor que o registo de toxinas para que eles não trabalhem. Ganha o turismo, perde a pesca!
Mas algo não vai bem no reino da entidade que tem a função de decretar as restrições á captura de bivalves. O histórico de interdições, nalguns casos, apenas regista o ano de 2019, não se vendo as interdições relativas ao ano de 2020, e isso serviria para comparar as interdições nos dois anos, mas enfim, é aquilo que nos dão! Há que comer e calar!
Há dias atrás, apontávamos o caso da interdição da Fuzeta, com a proibição da apanha da ameijoa, e que segundo o documento datado de ontem, 28/08, a alteração do estatuto sanitário deve-se à presença de fitoplâncton nocivo na agua, como se pode ver em https://api.ipma.pt/public-data/snmb_bulletins/1172020-ci_snmb-28_08_2020.pdf.
No entanto e de acordo com as ultimas analises publicadas, a 29/07, mostravam que os níveis de fitoplâncton nocivo estavam abaixo dos limites de detecção. Claro que isso foi no mês passado, mas as deste mês ainda não foram publicadas, como se pode ver em https://www.ipma.pt/pt/bivalves/fito/docs/a-fito-jul20.pdf .
Mas mesmo que no momento, os níveis de fitoplâncton nocivo fossem alarmantes, certamente que a proibição não se restringiria apenas à ameijoa. Então as outras espécies não são afectadas pelas biotoxinas?
Em principio, a entidade responsável, determina as interdições com base na presença das toxinas na carne dos bivalves; ainda que deva ser feito um alerta quando o fitoplâncton nocivo aumenta, numa atitude preventiva, todas as espécies deviam ser interditas, mal se percebendo porque só a ameijoa da Fuzeta é proibida.
Na falta do histórico do ano corrente na Fuzeta, consultámos o ano anterior em https://www.ipma.pt/pt/bivalves/historico/index.jsp?zone=FUZ1&type=EL e verificámos que, por espécie todas elas puderam trabalhar à vontade somente no mês de Janeiro, sendo que no resto do ano, não há informação disponível. Mas quando se pede a informação sobre todas as espécies, o resultado diz-nos que foi parcialmente interdito naquele mês, havendo uma clara contradição com a analise feito espécie a espécie.
São contradições a mais para serem confiáveis, parecendo existir uma intenção deliberada de, aos poucos, irem correndo com os teimosos que ainda procuram nos bivalves (ameijoa) a sua fonte de rendimento.
Afinal o COVID, nesta zona, só derrotou as toxinas parcialmente, já que os viveiristas da Fuzeta estão proibidos de trazer ameijoa para terra. E já agora, como é que o fitoplâncton nocivo entra naquela zona da Ria Formosa e em mais nenhum outro sitio? Curioso!
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