Há anos que na costa da Ria Formosa, entre Quarteira e a Torre de Aires, classificada para efeitos da apanha de bivalves como sendo de Classe B, com o IPMA a não ter a preocupação de assinalar que tal se devia a uma classificação provisória, como o faz no comunicado de ontem e que pode ser observado em em https://api.ipma.pt/public-data/snmb_bulletins/0222021-ci_snmb-09_03_2021.pdf .
Acontece que a mesma situação se repete no interior da Ria; Olhão 1 já leva com um bom para de anos classificada como de classe C para a apanha da ameijoa, mas agora é "provisória"; Olhão 2 é de classe B, mas para a maioria dos bivalves a classificação é "provisória", apenas ficando livre a ameijoa e a ostra, o mesmo acontecendo com Olhão 5.
A classificação "provisória" deve-se, como se pode ler na imagem, ao numero limitado de amostras. O curioso é verificar que levam anos sem ter amostras e parece que não estão interessado sem as arranjar, caso contrário pediriam a quem fornece as amostras que fornecesse também dos restantes bivalves.
Porque razão só agora o IPMA vem justificar estas classificações com a falta de amostras? Ou será que estão preparando mais alguma, como a possivel desclassificação para as espécies que não apresentem amostras? É que, com a excepção da ameijoa de Olhão 1, todas as outras que têm uma classificação provisória não são produzidas em viveiro.
Pelo pelo menos no que diz respeito à classificação da zona costeira, e isso sabemo-lo bem, não é por falta de amostras já que têm pescadores que as fazem chegar se tal lhes for pedido.
Não será isto uma forma polida de criar dificuldades adicionais a quem trabalha na Ria? Porque não diz o IPMA onde se localiza a fonte de contaminação? É mais facil decretar uma proibição do que apontar o dedo ás fontes de contaminação, que em principio serão publicas!
1 comentário:
Em Aveiro o MARIA faz este comentário nas redes socias devido às descargas de esgotos na ria de Aveiro:Presença de E. coli na Ria de Aveiro
deixa mariscadores em terra.
O lançamento nas águas da Ria de Aveiro de efluentes contaminados com a bactéria Escherichia coli determinou a proibição de capturas de bivalves pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) numa extensa zona da laguna, comprometendo a atividade piscatória de largas dezenas de mariscadores.
A proibição agora conhecida determina a interdição das capturas de bivalves na RIAV1, aquela que é a maior e mais produtiva das quatro zonas de pesca da Ria e que se estende entre o espaço delimitado pela Ponte da Varela, no concelho da Murtosa, a norte, e a Barra de Aveiro, a sul.
Segundo a Associação da Pesca Artesanal da Região de Aveiro (APARA), não há dúvidas de que os efluentes contaminados provém de “explorações agrícolas de animais bovinos e suínos” instaladas na cabeceira norte da Ria de Aveiro, que, desta feita, prejudicam todo o ecossistema e causam danos irreparáveis a uma vasta comunidade piscatória que vive exclusivamente da captura de bivalves.
Para que o IPMA possa levantar a interdição, é agora necessário que sejam obtidas 12 análises consecutivas com resultados negativos a partir de amostras obtidas naquela zona, significando que, pelo menos durante seis meses, não poderá haver captura de bivalves, uma vez que as recolhas laboratoriais são efetuadas de quinze em quinze dias.
O MARIA – Movimento de Amigos da Ria de Aveiro obteve imagens recolhidas no Cais da Ribeira de Pardelhas, no concelho da Murtosa, onde é possível observar a chegada à Ria, através da rede de drenagem de águas pluviais, de um caudal permanente de efluentes com elevada carga orgânica, proveniente de descargas ilegais.
A APARA alerta ainda para a possibilidade dos atuais trabalhos de dragagem na Ria de Aveiro poderem estar a ter consequências na qualidade da água na zona agora interditada à captura de bivalves, na medida em que os dragados e sedimentos têm vindo a ser depositados “ilegalmente em zona de navegação, provocando alteração óbvia da qualidade das águas e do meio marinho”.
A associação dos pescadores exige que o IPMA “ou as entidades que tenham essa competência cuidem de saber a origem” dos atos poluidores, atuando contra quem “procede ilegalmente” e acarreta “gravíssimos problemas a toda a comunidade piscatória”.
Em circunstâncias habituais, a Ria de Aveiro abastece cerca de 70 por cento das necessidades do mercado nacional nas diferentes espécies de bivalves, designadamente, berbigão, mexilhão, amêijoa-boa, amêijoa-japonesa, amêijoa-macha, longueirão e ostra-japonesa.
Com especial incidência na cabeceira norte da Ria de Aveiro, nos concelhos da Murtosa, Estarreja e Ovar existem dezenas de explorações agropecuárias para produção de carne e leite nas imediações das margens da laguna, mas, de acordo com especialistas contactados pelo MARIA, nem todas operam nas melhores condições e em estrito respeito pela legislação em vigor.
Para além destes problemas, a ausência de estações adequadas de tratamento de efluentes provenientes das agropecuárias, conjugada com uma deficiente fiscalização das direções gerais de Alimentação e Veterinária e Agricultura e Desenvolvimento, do Ministério da Agricultura, e das autarquias, entre outras entidades, conduzem a estas constantes agressões ao meio ambiente, com consequências indesejáveis para a comunidade de pescadores.
“Todas as explorações agropecuárias são obrigadas a possuir e colocar em prática o PGEP – Plano de Gestão de Efluentes Pecuários. Mas, na verdade, o que acontece, é que os projetos não passam do papel e poucas são as explorações que cumprem minimamente com aquilo que está prescrito na lei”, comentou o especialista contactado pelo MARIA. Ver menos
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