Investigadores surpreendidos ao descobrir pérolas em ostras no Algarve
03.01.2012
                    Helena Geraldes                     
Uma equipa de investigadores foi surpreendida ao descobrir pérolas em ostras do género Crassostrea em vários locais do Algarve, desde as rias de Alvor e Formosa até ao Rio Guadiana. O fenómeno, dizem, é muito raro nesta família de bivalves.
"Foi uma surpresa para nós", disse ao PÚBLICO  Deborah Power, do Centro de Ciências do Mar (CCMAR), responsável pela  investigação, ao lado de Frederico Batista e Ana Grade, da Estação  Experimental de Moluscicultura de Tavira do IPIMAR.
"A  descoberta das pérolas aconteceu quando estávamos a trabalhar num  projecto para fazer um levantamento das espécies de ostras no Algarve.  Visualmente são todas muito parecidas mas, na realidade, podem ser  diferentes", acrescentou a investigadora.
Ao longo de todo o ano  de 2011, os investigadores recolheram 756 ostras e, de forma inesperada,  encontraram pérolas em dois exemplares de Crassostrea,  originária do Japão e importada da França para a criação comercial no  Algarve. Num só indivíduo foram encontradas quatro pérolas (com um  diâmetro inferior a 2 mm) e noutro foi observada uma pérola com cerca de  5 mm de diâmetro e 190 mg de peso. Esta ostra teria entre dois e três  anos de idade, estima Deborah Power.
"Ficámos contentes. Este é  um fenómeno muito interessante. Noutros países, como o Japão, já se  estimula a produção de pérolas pelas ostras. Mas estas não foram  provocadas por nós, cresceram no próprio organismo", acrescentou Deborah  Power.
“Este fenómeno é frequente noutras espécies, podendo as  pérolas atingir um elevado valor comercial. Mas nos últimos dez anos não  tinha sido observado em ostras do género Crassostrea, que existem em Portugal”, disse a Universidade do Algarve, em comunicado.
“As  pérolas são produzidas por moluscos bivalves, tratando-se de uma  reacção defensiva do hospedeiro a corpos estranhos, tais como parasitas  ou partículas inertes. O corpo estranho é coberto por várias camadas,  sendo estas constituídas essencialmente por carbonato de cálcio sob a  forma de cristais de aragonite”, escrevem os investigadores.
Deborah  Power adiantou que já foram enviadas algumas pérolas para um  laboratório da Universidade de Cambridge. "Através da realização de  vários testes e do estudo da estrutura das ostras vamos tentar saber o  que provocou a formação das pérolas."
Depois de um ano de  monitorização das ostras do Sul do país, os investigadores confirmaram a  "grande diversidade" da região. "A Ria Formosa e a zona do Guadiana são  focos de grande biodiversidade".
Agora, os investigadores gostariam de desenvolver estudos para valorizar a espécie portuguesa, Crassostrea angulata, um recurso endógeno e mais adaptado às condições do país.
Questionada  sobre os impactos da espécie japonesa sobre a portuguesa, Deborah Power  respondeu que os estudos ainda não estão concluídos. "Mas, com base  naquilo que observámos, posso dizer que, por enquanto, não há uma grande  competição; a japonesa não é considerada invasora, apesar de ocuparem o  mesmo espaço. Mas pode haver cruzamento. Esta é uma área com muito  interesse".
Nota do Olhão Livre :Como sempre alertamos as ostras que se cultivam na Ria Formosa sempre são exóticas. Mas como pode isso acontecer se a Ria Formosa é um Parque Natural e nos parque Naturais é expressamente proibido a introdução de espécies exóticas e invasoras?
SE vem de França, quem faz o controle sanitários desses bivalves? Pois como nós já temos chamado a atenção,existe em França um vírus que tem dizimado as ostras em cerca de 80%.
Afinal de contas alguém controla alguma coisa na Ria Formosa? Pois devido ao abandono e à poluição, os viveiristas por causa da mortandade das amêijoa ,estão-se a virar para o aluguer e venda de viveiros ao Franceses sem que os organismos responsáveis façam alguma coisa, para acabar com a poluição e com a introdução de espécies exóticas e invasoras na Ria Formosa.
Afinal de contas qual é a aposta no mar deste  governo,que  tanto fala  no Mar mas que nada faz em defesa do mesmo?



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