O Fórum do IDP teve ontem o seu segundo e ultimo dia de trabalho onde se discutiu entre outras coisas, o empreendedorismo em torno dos produtos tradicionais da terra e do mar e das experiências vividas de cada um dos presentes sendo que a necessidade de cumprir horários não permitiu o aprofundamento de algumas questões.
Ficou patente que os produtores algarvios enfrentam toda a espécie de dificuldades numa agricultura de subsistencia que os obriga à transformação do seu produto para criar um valor que de outra forma os poderia levar à desistência e por isso castigados com trabalhos dobrados mas que fazem com o gosto de ver a eleição e preferência dos seus produtos, que as entidades publicas não reconhecem ou omitem.
Também aqui se faz sentir o que são as ditaduras dos mercados, substituindo um produto gourmet de alta qualidade e artesanal por um outro de menos qualidade, standardarizado, de baixo custo e com facilidade de penetração no mercado.
Tal como foi dito na discussão, o Turismo não se esgota na hotelaria nem no segmento sol/praia mas abrange a gastronomia regional, os eventos e o património cultural, histórico e arquitectonico das nossas vilas e cidades, mal se compreendendo as razões porque o Turismo de Portugal-Algarve não faça a devida promoção dos produtos regionais, tradicionais por forma a que o Turismo consuma os nossos produtos, ficando-se pelos interesses turístico-imobiliários que são esses que dão dinheiro para alguns que não para a região.
Os produtores também apresentaram queixas pelas dificuldades que sentem no licenciamento das suas instalações tidas como industria mas que não são mais que uma extensão da sua actividade agrícola e no acesso a apoios financeiros estatais para desenvolver e modernizar as suas explorações.
Foi aflorado o papel negativo das autarquias no licenciamento de grandes superfícies quando não as obriga ao recurso de uma percentagem significativa dos produtos agrícolas e da pesca das regiões onde se inserem.
As autarquias não têm a obrigação de substituir os empresários mas têm a obrigação moral e politica de ajudar na procura de soluções e a encontrar os parceiros de negócios que permitam o desenvolvimento económico e social dos municípios em que se integram estes projectos, pequenos é certo, mas que criam emprego e mais valias locais.
Uma questão há que convida à reflexão e que revela da péssima quando existe, politica agrícola e que se prende com aquele que foi em tempos o primeiro grande cartaz turístico da região, as amendoeiras em flor e a moira encantada. O Algarve era o principal produtor de amêndoa do País mas os nossos responsáveis políticos enveredaram pela substituição do amendoal por outras culturas, subsidiando-as, a ponto de termos de importar amêndoa americana, sem qualidade, mas de baixo custo, que quando inserida no processo de transformação retira a qualidade aos produtos típicos da região.
A indignação manifestada pela situação no sector, é profunda e deve merecer a atenção de quem poder de decisão.
Este texto é da responsabilidade do autor e não implica outra leitura que possam fazer do que se passou no Fórum, restando agradecer publicamente o convite feito.
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