quinta-feira, 2 de agosto de 2012

RIA FORMOSA: CRIME AMBIENTAL E ECONOMICO

A taxa de mortandade dos bivalves, em particular da ameijoa-boa, varia entre os 70 e 80%, com especial incidência nos sítios do Alcorão, Fortaleza e Garganta.
A que se deve a morte dos bivalves? As entidades publicas sob a batuta de Valentina Calixto, sempre ela, vêm defender que a morte dos bivalves se deve a causas patológicas escondendo a origem.  A verdade é que o parasita Parkinsus Atlanticus, apontado como a principal causa da morte dos bivalves, encontra na poluição da Ria Formosa o meio adequado à sua proliferação, pelo que sem se combater a poluição não se consegue eliminar o parasita e logicamente controlar a mortandade dos bivalves.
Para que os nossos leitores façam uma pequena ideia, só as ETAR Olhão Poente e Faro Nascente jogam na  Ria Formosa por ano, perto de 30 toneladas de Fosforo, 180 de Azoto e 350 de Sólidos Suspensos Totais (caca, algas, algumas delas potencialmente toxigenas), valores algumas vezes superiores aos permitidos por lei e que adulteram a qualidade da agua.
A Ria Formosa está classificada de Zona Sensível e as suas águas de Produção Conquicola, o que obriga a que o tratamento das ETAR seja superior ao secundário. Por outro lado e devido ao assoreamento das barras naturais, muito particularmente a da Armona-Olhão, a renovação das águas é muito fraca, o que aliado à poluição contribui para o péssimo estado ecológica da Ria Formosa.
É do conhecimento geral que o Fosforo e o Azoto são nutrientes utilizados na agricultura por acelerar o crescimento das plantas pelo que bem se pode imaginar o seu contributo para o crescimento anormal de plantas aquáticas. Neste aspecto seria de considerar que as entidades publicas providenciassem a reutilização das águas residuais urbanas para fins agrícolas, o que não acontece.
Quanto aos Sólidos Suspensos Totais há dois aspectos a considerar: a matéria orgânica no seu processo de descomposição consome o pouco oxigénio dissolvido na agua, oxigénio esse que depois vai faltar às ameijoas; por outro lado, durante a maré vazante, os SST depositam-se nos viveiros, degradando o substrato, e os bivalves ao porem a língua de fora para respirarem, absorvem toda a porcaria, incluindo o tal parasita.
Entretanto a seba e a sebarrinha vão desaparecendo. Em suma: as ETAR ou o seu mau funcionamento estão na origem do desaparecimento da fauna e flora da Ria Formosa, o que constitui, face à legislação, crime ambiental, já denunciado junto do Ministério Publico.
Mas outros crimes estão subjacentes a este: o crime económico e social.
O IPIMAR que em 2001 estimava uma produção de 7.000 toneladas revê agora a estimativa para 5.000 toneladas, qualquer coisa como 20.000.000 euros que se perdem todos os anos, num País à mingua de recursos. Quem diria! E com aquela perda, a população, cerca de dezoito mil pessoas que vivem da Ria, vê os seus rendimentos substancialmente reduzidos e as condições de vida a desfazerem-se, optando muitos deles pelo abandono da actividade.
Num País de merda, com políticos de merda, gastam-se milhões em merdas e para aquilo que constitui uma riqueza natural e criminosamente tratada não há dinheiro.
Os produtores de bivalves têm de mostrar toda a sua revolta e desencadear as acções que entenderem necessárias para obrigar as entidades publicas a cessarem a actividade criminosa.
REVOLTEM-SE, PORRA!

1 comentário:

Anónimo disse...

Se ao menos pudéssemos meter a seba por cima de nós para nos protegermos desses políticos de merda que temos, como metemos por cima das batatas para as conservar e evitar que a bicheza les pegue durante todo o ano... Como seria bom. Corda ao pescoço dos políticos FDP e corruptos !!M