terça-feira, 9 de julho de 2013

OLHÃO: A POLUIÇÃO MARINHA E A SUSTENTABILIDADE DA PESCA

Já aqui abordámos por diversas vezes a questão da poluição marinha e a sustentabilidade das actividades marítimas e nunca será demais insistir no problema.
A protecção do meio ambiente, seja ele na qualidade do ar, da agua ou dos solos, é indispensável ao nosso desenvolvimento e qualidade de vida, não só porque protege a saúde mas também se encararmos uma politica de solos e dos meios aquáticos como fonte de alimento.
No mar existem muitas espécies de grande valor alimentar mas, como todos os recursos naturais, quando não se respeitam as regras do equilíbrio ecológico, é susceptível de os pôr em causa, quer pelo uso intensivo, pela procura de espécies juvenis mas também devido à poluição marinha.
O exemplo que hoje trazemos, retirado do ecoesfera do jornal Publico em http://www.publico.pt/ecosfera/noticia/invasao-de-algas-pintou-de-verde-o-mar-amarelo-na-china-1599381#/0, mostra-nos um pouco das consequencias daquele tipo de poluição. A China, para alem de ter uma percentagem muito significativa da população mundial, tornou-se o centro da produção industrial global, na mira do desenvolvimento económico, esquecendo que uma tal politica sem o mínimo de respeito pelo ambiente lhe trará num futuro próximo grandes amargos de boca. Não lhes bastava, a utilização de trabalho escravo senão ainda encarar o ambiente como um custo no presente.
A utilização de detergentes ricos em compostos de fosforo e azoto, associado á utilização de nitratos para fins agrícolas, que de alguma forma são introduzidos nos meios aquáticos, acabam sempre por desaguar nos oceanos, com consequencias como aquelas que são descritas na peça jornalistica.
Aqui, na Ria Formosa, temos Estações de Tratamento de Águas Residuais com tratamento deficiente e esgotos directos, todos eles promovidos pela administração publica. É óbvio que não temos os níveis de poluição da China, mas os resultados estão à vista,  registando-se a morte de plantas de fundo que produzem o oxigénio dissolvido na agua, a morte do marisco e de varias espécies de peixe.
O enriquecimento do meio aquático com compostos de fosforo e azoto, provoca um fenómeno designado por eutrofização, e que está na origem da mortandade registada na Ria Formosa.
Para a nossa administração, central, regional e local, a degradação das actividades económicas tradicionais da Ria Formosa é uma forma de correr com os nativos e por muito escabroso que possa parecer é esse o objectivo prioritário, que se começou a desenhar com os planos de ordenamento, de entre os quais o PROT ao eleger o sector do turismo ao expoente de eixo prioritário do desenvolvimento regional, com os resultados que estão à vista.
Certo é, que as as populações que viviam da Ria, vêem a cada dia que passa o seu futuro mais negro, aumentando a bolsa de pobreza. Convém lembrar àqueles que têm uma memoria curta, que na década de setenta do século passado, com o regresso dos refugiados da ex-colónias, e foram cerca de um milhão, sem termos os meios e apoios de hoje, conseguimos dar a volta por cima e aos poucos reintegrar a generalidade deles. No caso da Ria Formosa e de Olhão, foi a Ria que lhes permitiu o sustento de milhares de famílias, ou seja apesar da imensa crise que vivemos, se tivéssemos uma Ria sã, tínhamos como dar de ganhar aos milhares de desempregados da zona.
Mas os nossos políticos, mais preocupados com a economia, isto é com os possíveis lucros de alguns, do que com as pessoas, acenam ideias mirabolantes de desenvolvimento que não se enxergam, mas próprias do período pré eleitoral que vivemos, esquecendo a imensa riqueza e actividade económica que pode vir da Ria.
Acabar com a poluição marinha, particularmente a da Ria Formosa, é essencial para o desenvolvimento e para a coesão social das populações por ela abrangidas.
REVOLTEM-SE, PORRA!

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