sábado, 22 de setembro de 2018

OLHÃO: EM MODO DE DESTRUIÇÃO

Veio a lume uma noticia bastante interessante que dá Olhão como alternativa a grandes cidades como Lisboa ou Porto. Mas também se diz o porquê. Pena é que os senhores da câmara, no seu autismo permanente não sejam capazes de perceber o que é dito no artigo que pode ser lido em  http://www.postal.pt/2018/09/jornal-the-telegraph-da-olhao-como-alternativa-a-lisboa-e-porto-disneyficadas/,
Desde o excesso de construção ao excesso de turismo tudo se conjuga para a transformação, destruição ou descaracterização das cidades.
O excesso de turismo comporta desde logo o aumento generalizado do custo de vida para a maioria das populações a viver abaixo do limiar de pobreza, seja pelo aumento das rendas, inacessíveis, ao aumento dos produtos alimentares.
E essa tem sido a política levada a cabo pela nossa autarquia, destruindo, descaracterizando a zona histórica para a qual concebeu um Plano de Pormenor que permitia a elevação das cérceas de tal forma que o cubismo, enquanto forma identitária da cidade, desaparecia. 
Por outro lado, acompanhando o aumento do custo da habitação e cortando a ligação com o mar, seu habitat natural  as populações são empurradas para os guetos da periferia. Primeiro correram com os pescadores da Barreta, depois tentaram correr com eles do T e agora propõem-se correr com eles da Doca. O pescador olhanense faz parte do património humano e deve ser protegido pelas suas características e não para o apresentar como um ET, para gáudio do Poder.

As imagens dão-nos conta dos dois becos frente ao Auditório Municipal e nelas se podem ver as casas térreas, outrora ocupadas por operárias conserveiras e pescadores.
O presidente da câmara tem procurado criar as condições para que algum testa-de-ferro as compre para as demolir e construir prédios de quatro pisos, densificando ainda mais aquela zona, mas sem criar passeios decentes ou lugares de estacionamento, ainda que venham dizer que devem ser repartidos por estacionamento publico e privado. Certo é que por casa existente vão surgir quatro e com elas o numero de veículos.
Ora isto é precisamente o oposto daquilo que a noticia defende mas que os nossos autarcas não perceberam. Olhão é e será uma alternativa a outras cidades, quando se deixar de densificar seja pela construção exagerada, a viver essencialmente da especulação imobiliária, ou com a construção de tantos hotéis que daqui a pouco não sabemos quantos temos, tais as pretensões do presidente.
Filtrem bem a noticia e tentem perceber o que ainda distingue Olhão das restantes cidades. A aposta passa pela defesa dos patrimónios edificado, humano, gastronómico e cultural. Deixem-se de loucuras!

1 comentário:

Anónimo disse...

O Turismo sustentado, de qualidade, equilibrado, respeitador das tradições e arquitetura originais e acessível a todas as bolsas, não se enquadra com os actuais e futuros interesses económicos, públicos e privados. Como local, faz-me impressão ver tantos edifícios degradados ou em ruínas; prédios abandonados por falta de dinheiro para os terminar; passeios sujos e com buracos; jardins entregues a drogaditos, e o eterno cartão de visita do mau cheiro no T. Já para não falar do imbróglio que é Olhão ser atravessado pela linha do comboio e das consequentes limitações à circulação pedonal e não só. As coisas boas que têm sido feitas, entram rapidamente em choque com os males que se mantêm, ou seja, Olhão é uma terra de contrastes a todos os níveis.