As entidades oficiais já há muito que nos brindaram com uma sequência de crimes que põem em causa a sustentabilidade das actividades económicas tradicionais da Ria Formosa, encontrando em gente que apenas vive na mira do lucro e sem qualquer pudor em respeitar o futuro das novas gerações.
Na Ria Formosa apareceram uns novos produtores de ostras com o actual vice-presidente da câmara e o seu camarada à cabeça numa lista onde consta também o ex-director regional das pescas e que sabe da poda. Aparentemente tudo estaria bem se por detrás da sua actuação não estivessem a comprometer o futuro da Ria Formosa e da própria produção de ostras.
A historia conta-se assim: na Bacia de Arcachon, França, encontra-se o maior centro produtor de ostras, mas que devido à poluição e a patologias a ela associadas tem visto as ostras juvenis serem dizimadas por vírus, com percas de produção que oscilam entre os 80% e 100% (perda total). Por isso procuram novas zonas de produção, onde possam continuar os seus lucros sem se preocuparem em combater a origem da doença e a sua transmissão.
Em toda a costa portuguesa e particularmente na Ria Formosa os produtores franceses encontraram comparsas que logo se prestaram a tal frete, fornecendo a ostras juvenis e comprometendo-se a ficar com toda a produção. Obviamente que os produtores portugueses se jogaram de cabeça face ao lucro imediato não cuidando de saber das consequencias.
Assim passámos a importar ostras mas também, e ninguém quer falar nisso, os vírus, à semelhança do que aconteceu com o Perkinsus Atlanticus, que encontram na poluição da Ria Formosa o ambiente adequado à sua proliferação, repetindo-se, não erros mas sim os crimes do passado.
O ICNB que proíbe a introdução de espécies exóticas na Ria Formosa encobre este atentado, não por acaso uma vez que o objectivo principal é acabar com as actividades económicas tradicionais da Ria como forma de afastar aquilo que para eles são os feios, porcos e maus, para direccionar a Ria Formosa exclusivamente para o uso balnear, o que é bem patente na elaboração dos planos de ordenamento.
Esquece esta cambada que o valor económico da Ria é de cerca de 150 milhões/ano enquanto o uso balnear de 300.000 pessoas a 100 euros/dia não excederá os 30 milhões, o que nos dá uma noção dos crimes contra a economia local e regional.
Mas que dizer de instituições como o IPIMAR que encobrem este crime em lugar de defender a produção da bem melhor ostra portuguesa? Todos sabemos que a ostra portuguesa é bem mais frágil do que a "giga" japonesa já tratada geneticamente e por isso mais resistente à poluição. Ou seja o IPIMAR dá cobertura, branqueia a poluição na Ria para fazer fretes à comandita politica que tem desgraçado este País.
Bom, mas as ostras juvenis ou não, são importadas e por isso deveriam ser sujeitas ao controlo fito-sanitário da autoridade veterinária que também finge ignorar o assunto, sendo certo que existem regulamentos próprios, só que não são cumpridos.
Os produtores de bivalves devem de perceber que aquilo que está a ser feito é um crime que no futuro vai pôr em causa a sustentabilidade da sua actividade, mais valendo ganhar agora pouco do que nenhum amanhã. Que futuro terão os seus filhos e netos?
Por tudo isso, devem revoltar-se.
REVOLTEM-SE, PORRA!