Na cerimonia de assinatura do prolongamento da concessão à Aguas do Algarve, o ministro do mau ambiente, acabou por tergiversar sobre a reutilização das aguas residuais para rega de jardins e ruas propondo como meta, a reutilização de apenas 10% daquelas aguas, conforme se pode ler em https://www.publico.pt/2019/07/24/sociedade/noticia/ministro-ambiente-quer-avancar-ja-reutilizacao-aguas-residuais-tratadas-1881057.
Já lá vão dez anos que lutamos para a reutilização das aguas residuais, só que para fins agrícolas, o que é um bocadinho diferente da proposta do ministro e explicamos porquê.
Toda a frente ribeirinha de Olhão, numa distancia superior a dois mil metros de comprimento por quatrocentos de largura, as aguas estão contaminadas com elevados níveis de contaminação fecal, como o demonstram as analises efectuadas pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera, razão pela qual se propõem acabar com os viveiros existentes nessa zona. Também se deve dizer que não serão apenas as ETAR, mas também os esgotos directos a contribuir para esse flagelo.
E das duas uma, ou as ETAR estão a funcionar bem e a causa única e exclusiva serão dos esgotos directos e como tal da responsabilidade da câmara municipal de Olhão, ou as ETAR afinal não são tão boas como nos querem fazer crer. E vamos por aqui, porque de outro modo não se compreende que a Aguas do Algarve tenha deixado de publicar as monitorizações efectuadas desde 2015, e até mesmo as que antecederam esse período, a forma como são apresentados os resultados deixam muito a desejar.
Para que a reutilização das aguas residuais destinada aos fins a que o ministro pretende os níveis de tratamento têm de ser superiores aos praticados, enquanto para fins agrícolas não era preciso mais do que já tínhamos.
A persistir nessa ideia, o ministro que de ambiente tem muito pouco, há o risco de contaminarem as ruas e jardins de Olhão, como se já não bastasse as aguas da Ria.
Como sempre defendemos, a nova ETAR deveria ter sido construída junto das zonas de produção agrícola e a partir daí proceder à sua reutilização. Com menos dinheiro, faziam mais e melhor! Aliás, num simposium que teve lugar no Auditório da CCDR, em colaboração com a APA e a ERSAR, foi apresentada essa solução para a qual apontavam como principais dificuldades os elevados custos de tratamento e a distancia em relação às zonas de produção agrícola. Anos depois constroem uma nova ETAR no mesmo local da anterior, que contamina a Ria Formosa e que custou uma fortuna.
Será que o projecto é mesmo contaminar a Ria para obrigar os produtores de ameijoa a abandonar a actividade?
Rua com o ministro!
3 comentários:
A delirar estão aqueles que fazem tal suposição de uma das mais competentíssimas autoridades na matéria.
Quando a MAFIA domina nada de estranhar na possível finalidade dos projectos.
Cada vez há menos produção de amêijoas berbigões na Ria Formosa e todo o mundo calado?
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