terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

OLHÃO: ZONA DE PRODUÇÃO A EXTINGUIR

Ao longo dos anos tem vindo a ser preparado o fim da zona de produção de bivalves Olhão 3, mas para isso era preciso arranjar uma boa justificação. E arranjaram-na!
Desde 2005 que os produtores de ameijoa se têm vindo a queixar da poluição na Ria, ora pelos efluentes mal tratados das ETAR ora pelos esgotos directos e sem qualquer tratamento. Em Novembro de 2013, por falta de analises, toda a Ria Formosa foi desclassificada, e reaberta em 2014, aí já com algumas analises.
Em Fevereiro de 2014 foi emitido um despacho conjunto dos secretários de estado do ambiente e das pescas para se proceder à monitorização das aguas despejadas na Ria, analises realizadas durante os anos de 2014, 2015 e 2016 e que vieram demonstrar o grau de contaminação provocado pelos esgotos directos.
No ano de 2019 foi inaugurada a nova ETAR e eis senão quando todos pensavam que as coisas iriam melhorar, elas pioraram de tal forma que a zona Olhão 3 foi desclassificada para classe D, proibindo até a manutenção dos viveiros, quanto mais trabalhar, produzir.
No meio disto, o presidente da câmara municipal de Olhão, jurando a pés juntos que estava do lado dos produtores nada fez para acabar com as descargas ilegais da rede de aguas pluviais, embora tivesse dito em 2013 que tinha 500 mil euros para acabar com os esgotos directos; para em Janeiro de 2016 dizer que agora é que era, nos próximos dois anos o problema estaria resolvido. E tudo o vento levou de Olhão 3.
Durante a discussão publica do Plano para a Aquicultura em Aguas de Transição, o qual abrange a Ria Formosa, a APA propõe a criação de zonas de protecção a tudo e mais alguma coisa menos aos viveiros. Ele é a protecção à navegação mas não se fala na fiscalização dos limites de velocidade previstos no POOC; protecção a estaleiros; protecção a marinas; protecção a portos e também protecção aos esgotos. Tudo se protege menos os viveiros!
Mas há coisas que não devem ser ditas para não comprometer o futuro, que o de Olhão 3 já vem detrás. Se pensarmos, e chegou a ser aventado, a abertura de um canal da marina em direcção ao esteiro da Murtina e da boia com o mesmo nome, encurta-se a distancia até ao Farol para metade.
Como há um conflito de interesses entre a náutica de recreio para fins turísticos e os viveiros localizados em Olhão 3, o mais simples é acabar com estes, porque os interesses turísticos se sobrepões aos interesses produtivos.
Quem alimentar ilusões de que os criminosos que desgovernam o país e o concelho vão tentar encontrar uma solução, desiludam-se. A única solução passa pela relocalização dos viveiros, relocalização a expensas dos produtores que já de si estão descapitalizados por anos e meses de paralisação da sua actividade. E todo o investimento até aqui realizado é para jogar fora. Anos e anos de trabalho perdido.
Que cada um pense o que quiser, mas de uma coisa podem ter a certeza. É que se não lutarem vão perder mesmo tudo.
LUTEM! 

1 comentário:

Joao Gomes disse...

Dia 4 de Fevereiro de 2020 vai haver repartição de Fundos da União europeia nos Pinheiros de Marim...pouco se importam da Poluição na Ria Formosa ,esgotos a correr a céu aberto para a Tia , cães vê gatos vadios soltos pelas Ilhas Barreiras comendo e devorando os poucos camaleões que restam....enfim ,o Bando do Ali Babá em acção.