domingo, 25 de abril de 2021

OLHÃO: O 25 DE ABRIL E AS SUAS COMEMORAÇÕES

 A realidade histórica do 25 de Abril e a versão oficial não são a mesma coisa, havendo toda uma casta de oportunistas a chamarem a si protagonismos que não lhes pertencem.
O golpe militar do 25 de Abril não visava a mudança de regime, a consagração de direitos e liberdades constitucionais tais como a Democracia e a Liberdade. O que estava em causa era uma reivindicação de natureza laboral no seio das Forças Armadas, e muito particularmente na classe dos capitães, razão pela qual, o movimento viria ser como Movimento de Capitães e mais tarde de Forças Armadas.
 A sucessão de factos e comunicados é bastante ilucidativo, como se pode ver pelo terceiro comunicado do qual reproduzimos a parte, para nós, essencial e que pode ser vito na imagem seguinte:

Ainda as Forças Armadas não tinham consolidado o derrube do regime anterior e previam a manutenção da policia politica a Pide/DGS e a Legião Portuguesa dois suportes do regime. Manter no imediato a policia politica era o sintoma de que não se previam alterações profundas, em direcção à instalação da Liberdade e da Democracia.
Se houve militares que se distinguiram na luta pelas suas reivindicações, houve, mas não se deve confundi-los como sendo herois, porque esse papel cabe por inteiro ao Povo que desobedeceu ao apelo ao confinamento, saindo às ruas e exigindo o fim do regime e de todas as organizações que lhe davam suporte. 
Foi nesse acto de saída às ruas que se deu a Revolução e não pelo golpe militar, embora tenha de se reconhecer o seu papel. Mas foi o Povo, com a sua atitude que fez os militares mudarem de atitude.
Exigindo o fim da Pide/DGS, junto das instalações da sede da sinistra policia politica, foram assassinados alguns elementos do Povo, os martires vitimas da negligência golpista, os verdadeiros herois esquecidos. 
Se duvidas houvessem quanto à natureza do golpe, depressa se criou uma Junta de Salvação Nacional, composta por uma cafila de militaristas do mais reacionário que havia na época, como Spinola, os manos Silvério Marques, Diogo Neto ou Galvão de Melo. E até a nomeação do primeiro primeiro-ministro do pós 25 de Abril queria tantos poderes quanto os que detinha o seu antecessor.
Nada mudava, mas o POVO, o heroi da Revolução saiu à rua e exigiu mudanças, provocou eleições para uma Assembleia Constituinte, onde algumas forças politicas foram impedidas de participar e que viram militantes seus serem presos na ante-vespera do acto eleitoral e aí sim, conseguiu que fossem consagrados alguns direitos dos quais muitos já foram reduzidos. 
De qualquer das formas a data deve ser comemorada, não pelas razões que invocam, mas porque mostram que quando o Povo se une e luta, consegue as mudanças necessárias para uma vida com dignidade. Não são as comemorações oficiais porque essas apenas representam a troca de personagens.

2 comentários:

Anónimo disse...

So eu é que vi que no hastear das bandeiras houve um boicote a uniao europeia. Que haja a liberdade de algumas ideologias contra portugal pertencer a ue compreenfo mas dai ate um policia nao hastear a bandeira.

Anónimo disse...

Programa do Movimento das Forças Armadas
Programa político elaborado pelo Movimento das Forças Armadas, divulgado pelas 01H30 do dia 26 de Abril, após um último acerto entre o MFA e o general Spínola, para dar ao povo português o sentido e a razão de ser da Revolução. Publicado como Lei nº 3/74, de 14 de Maio, passaria a constituir a Lei Fundamental do País, até à promulgação da Constituição de 1976. Continha três partes, abaixo sintetizadas: · Medidas imediatas - exercício do poder por uma Junta de Salvação Nacional ( JSN ), até à formação, a curto prazo, de um Governo Provisório civil; destituição imediata do Presidente da República e Governo; eleição de uma Assembleia Constituinte no prazo de doze meses; destituição de todos os governadores civis e governadores-gerais das províncias ultramarinas; extinção imediata da Acção Nacional Popular ( ANP ); extinção imediata da PIDE/DGS e da Legião Portuguesa; controlo rigoroso das operações económicas e financeiras com o estrangeiro; amnistia imediata dos presos políticos; a abolição da Censura e exame prévio; reorganização e saneamento das Forças Armadas ( FA ); controlo das fronteiras pelas FA e Forças de Segurança ( estava até então a cargo da PIDE ); combate à corrupção e especulação. · Medidas a curto prazo - No prazo de três semanas, a escolha , dentro dos membros da Junta de Salvação Nacional, do Presidente da República, sendo dentro dos restantes nomeados os Chefe e Vice-Chefe do Estado Maior das Forças Armadas e os Chefes de Estado Maior do Exército, Marinha e Força Aérea; manutenção em funções da JSN; nomeação, pelo novo Presidente, de um Governo Provisório Civil, que, embora aguardando as reformas de fundo a ser adoptadas pela Assembleia Constituinte, deveria garantir a sua acção formal, a liberdade reunião e de associação, a liberdade de expressão do pensamento, uma nova lei de imprensa, rádio, TV, teatro e cinema, a independência e dignificação do poder judicial e os fundamentos de uma nova política económica. No tocante à política externa, o Governo deveria orientar-se pela independência e igualdade entre os estados e pelo respeito mútuo e não ingerência, respeitando os compromissos internacionais assumidos. Quanto à política ultramarina, reconhecia-se que a solução das guerras era política e não militar, devendo ser criadas as condições para um debate franco e aberto e para o lançamento de uma política que conduzisse à paz. · Considerações finais - Dissolução da JSN após a eleição da Assembleia Constituinte e do Presidente da República; um apelo do MFA à participação activa dos cidadãos na vida pública nacional e à criação das condições necessárias à definição de uma política que conduzisse à solução dos graves problemas nacionais e ao regresso ao lugar a que Portugal tinha direito no conjunto das Nações.

http://www.cd25a.uc.pt/index.php?r=site/page&view=itempage&p=774