Quando falamos na Ria Formosa, temos em vista o conjunto de ilhas, o espaço lagunar, a sua biodiversidade e muito especialmente as pessoas que dela retiram o seu sustento, mariscando ou pescando. O elemento humano é o valor mais importante sem que se pretenda tirar importância às demais vertentes, e por isso há que procurar um ponto de equilíbrio entre a exploração humana e o ambiente.
Nos tempos que correm as perspectivas de desenvolvimento da classe dominante, também fruto das negociatas da péssima governação que temos tido, assentam quase exclusivamente no sector do turismo, mesmo que para isso tenham de sacrificar as demais actividades económicas tradicionais da Ria Formosa.
Para a classe dominante, há um certa incompatibilidade entre a presença da população nativa e os possíveis visitantes, uma ideia completamente errada como a própria pratica se encarrega de provar, bastando olhar para o núcleo da Culatra, o mais requisitado, pelas caracteristicas das suas gentes, pela sua gastronomia e pela sua forma de vida, pescando ou mariscando.
Essa noção de incompatibilidade é-nos dada pela forma como criam condições que obrigam a população nativa a abandonar as suas actividades, seja poluindo as águas, não criando condições para uma melhoria na renovação das águas da Ria, utilizando os planos de ordenamento para condicionar algumas dessas actividades, mas permitindo o uso balnear ao turismo, mesmo que vá ao arrepio da pretensa defesa ambiental. O pisoteio ou a destruição de ninhos é obra da curiosidade de quem nunca viu tal, o turista, que de forma inconsciente o faz, mas nunca pela população nativa.
Vem isto a propósito de dois factores da máxima importância para quem vive da Ria e que são em primeiro lugar o fim anunciado das concessões dos viveiros e a falta de dragagens.
A legislação que põe fim às concessões data de 2007, obrigando a sua renovação à participação num concurso, onde os actuais concessionarios têm de exercer o direito de preferência, ou seja a "comprar" aquilo que tem passado de pais para filhos ou netos, se entretanto alguém se candidatar ao respectivo talhão. Por outro lado, e apesar de já ter oito anos, o Regulamento do concurso ainda não está feito e tudo leva a crer que ficará para depois das eleições, porque se as coisas derem para o torto, até mortes haverá. E aqui temos que lembrar que os produtores de ostras franceses apostam claramente na obtenção destas áreas, o que devido à sua maior capacidade financeira, pode ser determinante para vermos, mais uma vez, os nossos recurso naturais a mudarem de mãos. Lamentavelmente, existem alguns testas-de-ferro portugueses que não vêem outra coisa que não o dinheiro e se prestam a esse trabalho.
E aqui devemos dizer muito claramente que a produção intensiva de ostras no meio da produção de ameijoas, a nossa maior riqueza, vai conduzir ao fim da exploração controlada da ameijoa, na medida em que as suas necessidades de oxigenio e alimento são cem vezes superiores à da ameijoa. Na competição entre as espécies, sucumbe a mais frágil, a ameijoa!
Como se não bastassem aqueles problemas, a ausência de dragagens que permitam uma maior renovação de águas na Ria e como tal do oxigénio e a diluição da poluição existente, é um factor de peso que no curto prazo pode pôr em causa a tradicional produção de ameijoas da Ria Formosa.
As comissões de moradores das ilhas barreira, e particularmente os três núcleos da Culatra devem conjugar esforços na defesa das actividades tradicionais da Ria Formosa, reunindo e debatendo possíveis soluções a apresentar a quem de direito, o Ministro de Mau Ambiente.
As dragagens são possíveis e o facto de não poderem usar os dragados no reforço do cordão dunar, é uma oportunidade de ouro para resolverem de vez o problema da erosão do cordão dunar e fixação das barras naturais, sem o recurso a infra-estruturas pesadas e de baixo custo.
Será que,as associações, vão manter a solidariedade criada em torno da defesa do edificado ou vão deixar cair a defesa da Ria Formosa como um todo?
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Olhão: Embarcação marítimo-turística naufraga na Barra da Fuzeta
Uma embarcação marítimo-turística naufragou hoje junto à barra da Fuzeta, concelho de Olhão, explicou à Lusa o comandante da Capitania do Porto de Olhão, Nunes Ferreira adiantando que as seis pessoas a bordo saíram ilesas.
Na origem do episódio estará um golpe de mar, onda inesperada que chocou contra a embarcação, que encalhou e virou por volta das 15:20, altura em que as autoridades receberam o alerta, explicou o comandante.
O resgate dos dois tripulantes da embarcação e dos quatro turistas britânicos que estavam a bordo foi feito por outras embarcações da empresa marítimo-turística durante 30 minutos, tendo a Polícia Marítima e uma embarcação salva-vidas estado no local a acompanhar o processo.
Uma equipa do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) assistiu as seis pessoas envolvidas, verificando que não necessitavam de cuidados de saúde.
.diariOnline RS com Lusa
20:00 quinta-feira, 04 junho 2015
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