sábado, 22 de dezembro de 2018

OLHÃO: CÂMARA DISCRIMINA!

Aquando da construção do Marina Village e do Hotel Real Marina, a Câmara Municipal de Olhão entendeu que seria necessário escorraçar os moradores do Bairro de habitação social de casas pré fabricadas.
Entretanto já havia sido construido na área da 1ª fase daquele bairro, uns prédios que vieram a realojar os respectivos moradores, sobrando espaço para novos blocos, caso fossem necessários.
Na imagem de cima, são visíveis umas barracas de apetrechos de pesca, que arderam, e foram substituídas por outras de alvenaria, a mando do governo. Ao lado, depois do aterro, foi construido o Hotel, que determinou a demolição dos pré-fabricados e consequente realojamento no gueto da periferia, quando havia espaço mais que suficiente para o fazer na mesma zona.
O realojamento, embora fosse do interesse dos empreendimentos que ali surgiram, e é bom não esquecer que estava prevista uma segunda fase do Marina Village, foi feito à custa do erário publico.
E aqui começa o primeiro acto de discriminação e exclusão da administração local. É que se as casas estavam degradadas e tinham de ser substituídas, bem podiam ter construido no local, o que nos leva a concluir que o problema não eram as casas mas sim as pessoas, porque não querem pobres misturados com ricos, o que constitui um acto de discriminação por razões económicas e sociais.
Com as Barrequinhas (Bairro 16 de Junho) está a passar-se algo semelhante. Não nos custa admitir que o Bairro, em termos urbanísticos deixa algo a desejar, mas as pessoas, na sua maioria, fazem-no por opção, já que têm ali as suas raízes.
Para alem das questões que se prendem com o processo de decisão em que as pessoas são completamente ignoradas, como ignorados são os seus direitos, há ainda que saber para onde pretendem mandar as pessoas.
No loteamento do Porto de Recreio, a Norte das antigas instalações do Matadouro Municipal, a autarquia tem meia dúzia de lotes disponíveis, não para realojar os moradores das Barrequinhas, mas para os pôr à venda. Os moradores das Barrequinhas vão ser enviados para os habituais guetos que a câmara constrói.
As Barrequinhas não são um bairro problemático que obrigue à sua deslocalização e os seus moradores devem ser incluídos e não excluídos por razões económicas e ou sociais. Incluir e não excluir!
Com a venda dos dez mil metros de terreno para o hotel, a Câmara Municipal de Olhão arrecadou um milhão de euros, mas gastou muito mais do que isso com o realojamento das pessoas dos pré-fabricados; do mesmo modo que o realojamento dos moradores das Barrequinhas poderá custar mais que as receitas da venda dos terrenos, dos quais a autarquia se quer apropriar de forma ilegítima.
Ora se a autarquia não tem benefícios económicos com estas operações, para que as faz? E se tem possibilidades de realojar no mesmo local, substituindo as casas por outras com melhores condições porque não o faz? É simples, ao correr com as pessoas da zona, os mesmos fogos sofrem uma valorização substancial de tal modo que aquilo que poderia ser vendido por 120.000 euros passa a ser vendido pelo dobro ou pelo triplo, alimentando a ganancia dos amigos do Poder instalado na câmara. Essa é a verdadeira razão para escorraçar as pessoas do seu habitat que passou de geração em geração. 
Pois bem, o problema não são as casas, mas sim as pessoas, que mais uma vez vão ser discriminadas por razões sociais e económicas, algo que deve ser combatido. Esquecem os autarcas que a economia não faz pessoas mas que são as pessoas que fazem a economia.
Cabe aos moradores das Barrequinhas, unirem-se e dar combate contra os crimes discriminatórios da autarquia presidida pelo pequeno ditador, António Pina. 

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