Nos últimos anos temos vindo a assistir à fixação de quotas de captura da sardinha, que põem em risco a pesca de cerco. Concordaríamos com a políticas de quotas se ela não escondesse interesses alheios, poderosos interesses!
A pesca de cerco em Portugal tinha um rotulo ecológico, precisamente porque as artes utilizadas permitiam a libertação dos juvenis caso fossem apanhados. De um momento para o outro, as autoridades europeias, entenderam criar uma nova designação, a sardinha Ibérica. A área de pesca da chamada sardinha Ibérica vai de Málaga, em Espanha, até ao norte do pais apanhando uma parte do mar Cantábrico.
Em toda a restante costa espanhola, a sardinha, por ter uma outra designação, pode ser capturada sem estar sujeita a estas restrições.
Em tempos que já lá vão, o IPMA, a entidade que faz as monitorizações, publicava os respetivos relatórios, sendo que estes mostravam que no sul de Espanha havia sardinha juvenil em abundancia, e que há medida que se contornava a costa portuguesa, o tamanho ia crescendo.
Não era na costa portuguesa que havia problema com a captura de juvenis, mas foi a pesca nesta costa a que mais sofreu com as ditas quotas.
Em Julho deste ano, conforme se pode ler em https://expresso.pt/sociedade/2019-07-15-Associacao-garante-que-stock-de-sardinha-esta-em-franca-recuperacao, o estado do stock de sardinha permitia passar das nove mil toneladas para as dezanove mil, quase o dobro do que fora fixado. Mas eis que o Director Geral das Pescas da União Europeia, mais um lacaio ao serviço de outros interesses, entendeu que se devia proceder a mais uma redução do esforço de pesca.
Os dados obtidos na monitorização efectuada este ano, segundo as associações do sector mostravam uma evolução muito favorável e por isso apontavam para o crescimento da quota, como se pode ver em https://www.tsf.pt/portugal/economia/organizacoes-da-pesca-da-sardinha-de-portugal-e-espanha-querem-aumentar-captura-11204306.html.
Na semana que agora findou, alguns pescadores de Olhão, tiveram o ensejo de filmar a quantidade de sardinha que viam á volta dos seus barcos, e lamentamos não termos um registo vídeo para o mostrar aos nossos leitores. Dizem eles que nunca viram tanta sardinha, a dias de acabar o prazo para a pesca.
É evidente que grandes potencias de pesca estrangeira, que operam noutros mares sem quaisquer restrições veem nesta medida, o aumento da procura por parte da industria nacional, que assim se vê obrigada a importar sardinha de Marrocos, ou de França.
Será que as preocupações com o estado do stock de sardinha tem a ver com a escassez ou antes trata-se de mais uma manobra para obrigar o nosso País a importar peixe, sabendo que somos dos maiores consumidores europeus e mundiais de peixe? E a nossa frota de pesca como é que fica?
Às zero horas de sábado acabou a pesca da sardinha este ano por imposição da UE. Quando temos um português a condenar a actividade no nosso País, que podemos esperar?
1 comentário:
Sem admiração.
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