terça-feira, 29 de outubro de 2019

RIA FORMOSA: EM NOME DO CAVALO MARINHO...

De há uns tempos a esta parte que temos assistido à manipulação da opinião publica em torno do estado de decadência da colónia de cavalos marinhos, mormente por parte de quem tinha a obrigação de fazer um trabalho sério e honesto.
Se consultarem o histórico do Olhão Livre, vão verificar que já em 2009 anunciávamos o declínio da colónia de cavalos marinhos, talvez a maior do mundo.
À época, apontava-se como principal causa, a poluição na Ria Formosa e ainda dos ferros dos barcos que faziam fundeadouro nas zonas existiam as colónias. A poluição não deixava passar a luz solar para as plantas de fundo, a seba, que constituíam o habitat do cavalo marinho. Este peixe tem uma cauda preênsil que lhe permite agarrar-se às folhas de seba. É um peixe com pouca mobilidade, lenta, e de curtas viagens. Com o seu habitat destruído muito dificilmente serão recuperadas o que resta daquelas colónias. 
Aliás, no filme que a câmara municipal de Olhão encomendou, uma das causas apontadas prende-se precisamente com a forma como os barcos fundeiam e que destroem as pradarias marinhas. Sobre isto, os agora grandes defensores do cavalo marinho nada dizem, preferindo atirar as culpas para a sua venda para os mercados asiáticos, como se pode ler em https://expresso.pt/sociedade/2019-10-27-Cavalos-marinhos-vao-ter-dois-refugios-na-Ria-Formosa.
Em 2009, quando denunciámos o declínio, ainda não existia o tal mercado, sendo outras as razões que estão por detrás da decisão da criação de santuários, com o qual concordamos se…
Acresce que na costa da Ria Formosa também existem cavalos marinhos e sobre nada se diz, como ali pudessem ser apanhados e vendidos.
A criação do santuário junto á Fortaleza, a nascente da Ilha da Culatra, vai restringir a navegação naquele canal, uma restrição que já constava no Plano de Ordenamento da Orla Costeira, o qual só permitia a navegação a modus náutica a motor até nove metros mas que a Policia Marítima sempre vista grossa quando ali fundeavam iates com trinta metros de comprimento. Devem ter ido de helicopetro!
E os barcos de apoio à apanha de bivalves vão poder navegar?
No contexto em que são tomadas estas medidas, trata-se apenas de mais uma forma de ir reduzindo as condições ao sector das pescas. Se assim não fosse, os brilhantes cientistas que tanto dizem defender a Ria Formosa, batiam-se pelo fim dos esgotos directos e obrigavam a que as ETAR tivessem um tratamento superior para que a qualidade ecológica das aguas fosse melhor.
Falar na poluição sem apontar os pontos de descarga para não incomodar o Poder político, é que fazem certos cientistas castrados, que  levantando a bandeira  da defesa do cavalo marinho, mais não fazem do que ajudar o governo a acabar com as actividades económicas tradicionais e libertar a Ria Formosa para o turismo. 
Até ao dia em que...

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