Um País, uma região ou um município que aposta quase exclusivamente num sector, neste caso no turismo, pode a qualquer momento sofrer um rude golpe em toda a sua actividade económica e social.
Nos últimos anos, temos assistido a uma aposta muito grande no sector turístico, com promoção em França, Brasil, Angola, Moçambique ou Marrocos e apelando, quando não concedendo benefícios fiscais, a italianos e ingleses para nos visitarem.
Para alem do facto do turismo encarecer o custo de vida de uma população cada vez mais carenciada, com os naturais, sem o poder de compra dos visitantes, a contar as migalhas para sobreviver, temos ainda o crescimento das rendas de casas para valores insuportáveis.
Depois da seca, cuja discussão está agora em stand by, vem o corona vírus para atormentar ainda mais a cabeça das pessoas, não só pelos perigos da contaminação pelo vírus, como pelos impactos económicos e sociais que poderão degradar a já degradada condição de vida de cada um.
Com o vírus a espalhar-se um pouco por todo o lado, é natural que se assista a uma redução significativa no sector turístico e consequentemente em todas áreas com que ele interfere.
Apesar dos baixos salários praticados a queda de visitantes pode trazer muito desemprego para uma região turístico-dependente como é o Algarve e pior ainda para uma cidade como Olhão, que não soube ou não teve arte e engenho para diversificar a aposta, promovendo, fomentando outros sectores alternativos, nomeadamente os ligados à pesca com a qual a cidade sempre teve uma forte ligação.
O poder politico tem vindo a descaracterizar todas as actividades tradicionais associadas à pesca, fomentando o encerramento de fabricas, abate de barcos e até mesmo a produção de bivalves que era fonte de rendimento de milhares de famílias e nunca se preocupou em encontrar uma alternativa.
Com o surgimento do corona vírus e a previsível quebra turístico adensam-se as nuvens que pairam sobre a população de Olhão. Precisam-se de novas apostas e novas politicas. Prosseguir no mesmo esquema, enterrando a cabeça na areia, só faz sentido á luz da satisfação de interesses ocultos.