Há pessoas que têm alguma dificuldade em perceber onde nos levam as propostas ditas de desenvolvimento do concelho e por isso entendemos levantar algumas questões que julgamos pertinentes.
Ainda antes da sua fundação já o Povo que aqui habitava vivia essencialmente da pesca e da agricultura e foi na relação com o mar que a cidade e concelho se desenvolveram. Foi a pesca e as actividades associadas que fizeram de Olhão a cidade que é hoje.
Por outro lado, para nós o capital mais precioso é o capital humano mas os nossos decisores políticos não pensam assim e daí a aposta deles em actividades que não ajudam de maneira alguma ao desenvolvimento das pessoas, dando-lhes um vida com dignidade. É que não basta um salario mínimo, é preciso que as pessoas ganhem quanto baste para terem uma vida com dignidade.
Creio que já todos perceberam que quanto mais promoção turístico/imobiliária, mais caras são as casas para salários tão baixos como os que são praticados na maioria das empresas, particularmente as do sector turístico que aliam os baixos salários à sazonalidade da actividade.
Mas não se pense que esse mal é único, porque quando uma actividade se torna dominante, ganha peso institucional e com isso as restantes acabam por definhar. Neste caso temos os diversos sectores da pesca, desde a arte de cerco, as ganchorras ou os viveiros de bivalves.
Para aqueles que não compreendem isto. é de lembrar o que a Docapesca tem vindo a fazer noutros locais; na Fuzeta, se a associação de armadores não tivesse tomado conta dos serviços da lota, esta teria encerrado e os pescadores teriam de fazer a venda do pescado em Olhão; em Tavira prometeram uma lota nova, que não foi feita e obrigaram os pescadores a deslocarem-se para Santa Luzia; e em Olhão? Bem aqui, a lota não funciona ao sábado e á segunda feira e os armadores se quiserem que vão a Quarteira. Ou seja, a mesma entidade que toma a decisão de encerrar determinados serviços com a desculpa de sustentabilidade, vai deslocalizando a pesca para outros pontos.
Mais, com a promoção da nova zona "nobre", a Avenida 16 de Junho, é com naturalidade que o lado poente do porto de pesca seja requalificado a expensas da Docapesca, não para servir a pesca mas para ser área de expansão da marina. Mais uma vez são os pescadores a serem expulso do seu habitat.
No entanto há uma questão que se coloca nisto tudo, que é o futuro da Ria Formosa. A Ria Formosa é um ecossistema que importa preservar e para isso tornava-se indispensável proceder ao estudo da capacidade de carga do trafego marítimo, não só pela poluição que tal provoca como pela degradação das margens e pior ainda quando não são respeitadas as velocidades impostas por lei.
Aliás, a Sociedade Polis chegou a fazer uma apresentação no hotel do regime sobre o estudo para a capacidade de carga, mas nunca chegou a fazê-lo porque se colocava uma questão que era a de saber a quem se destinavam as restrições à navegação numa altura em que se promovia a náutica de recreio. Logicamente seriam para a pesca!
Há medidas que precisam de um certo tempo para poderem ser executadas sem que haja contestação, mas tudo aquilo a que temos assistido nos últimos anos no que à pesca e actividades associadas e ao trafego marítimo do espaço lagunar da Ria Formosa, levam a crer que estes sectores têm os dias contados. E isso representa um retrocesso social, porque os postos de trabalho que se perdem não são compensados com a criação de outros que permitam o mesmo tipo de rendimentos.
Aos poucos, o Povo de Olhão vai regredindo e o presidente da câmara tem responsabilidades acrescidas na definição de politicas que permitam o desenvolvimento de quem o elegeu!
1 comentário:
Como é possivel em plena reserva nacional os meninos ricos do farol estarem a construir uma marina ilegal. Pois o alemao ofereceu os velhos pontoes comprados com dinheiro da uniao europeia aos meninos da ilha para fazerem uma marina para os seus barcos na ilha. Pior é a PM escoltar o transporte e nao perguntar se a obra é legal. Pois para se colocar plataformas fundeadas necessitam parecer do ICNFB DGRM e da APA
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