Tal como nos dizia o saudoso dr. Rosa Mendes, Olhão fez-se a si próprio. E fez-se a partir da pesca por parte de pescadores que não queriam pagar impostos a Faro, construindo casas ou palhotas perto do mar ao qual iam buscar o sustento.
Nos idos anos setenta do século passado, com a chegada daqueles que fugiram aos horrores da guerra civil nas ex-colónias, foi nas aguas da Ria Formosa que encontraram o sustento de milhares de famílias.
Por tudo isso, Olhão sempre teve uma forte ligação ao mar e às actividades produtivas a ele ligadas, mas que agora estão, todas, em risco de acabar, alterando-se o modo de vida da população por decreto.
O sector primário da economia, agricultura, pescas e extração mineira, é aquele que fornece a matéria prima para a industria transformadora, ainda que na cadeia de valor seja aquele que apresenta valores mais baixos, o que não podia deixar de acontecer. Mas são esses sectores tão essenciais que hoje são tão mal tratados pelos nossos políticos, que não têm sequer a preocupação em arranjar alternativas.
Obviamente que a pesca, moluscicultura e a salinicultura é feita no mar, sejam aguas interiores ou costeiras. Eram e continuam a ser as actividades que concelho ocupam mais pessoas embora estejam em decadência promovida pelo poder politico.
Com frente de mar do barlavento algarvio, praticamente, toda ocupada resta o sotavento para a exploração turística, assistindo-se ao afastamento das populações ribeirinhas para no seu lugar introduzir o elemento estranho, o turista, como se ambos não pudessem coexistir.
O concelho de Olhão apresenta duas frentes de mar, uma na cidade e outra na Fuzeta. Em ambas, os projectos políticos passam pela expulsão dos naturais e das suas actividades para a periferia, libertando essas áreas para fins diversos daqueles que levaram à sua formação, indo contra os interesses das populações.
Toas as intervenções efectuadas e a efectuar na frente de mar em Olhão vão nesse sentido. Repare-se que está prevista a requalificação do lado poente da Avenida 5 de Outubro até à rotunda na Avenida D. João VI, a 5 de Outubro já o havia sido estando a ser requalificados os jardins, a Avenida 16 de Junho já tem a sua requalificação entregue a um concorrente, aguardando apenas o visto do tribunal de contas. Entretanto, o cão de fila do presidente, andou a intimidar os comerciantes e moradores existentes entre a Rua Gil Eanes e a 16 de Junho para desocuparem as suas instalações no prazo de cinco anos. Para completar o cerco, foi elaborado o Plano de Pormenor da Bela Olhão, onde será construído um hotel.
Como será quando os proprietários do hotel se queixarem com o barulho dos motores dos barcos durante a noite? Sendo a pesca um alvo a abater, o que resta da pesca terá de mudar de ares!
Por outro lado, a qualidade ecológica da agua da Ria Formosa não augura grande futuro na produção da ameijoa, sobretudo pela poluição provocada por tratamento deficiente ou inexistente, com grandes responsabilidades para aqueles que não veem outra coisa que o turismo.
Será isto o melhor para a maioria da população de Olhão? Alguns entenderão que sim e têm esse direito. Mas para nós trata-se de uma visão egoísta já que entendemos que o capital mais precioso é o capital humano e não se vislumbra em nenhum dos projectos políticos a salvaguarda dos rendimentos das pessoas.
É este o futuro que se desenha para Olhão, o fim das actividades económicas tradicionais da cidade!
4 comentários:
Se não fosse o turismo estavam todos a morrer à fome
Bem o Pina vai ficar para a história como um génio que levou olhão para o sec XXI ou então o homem de destruiu Olhão
O Pina tem feito algumas coisas boas, mas está a gastar muito dinheiro dos contribuintes em publicidade sem nexo em lugar de o gastar em saneamento pois temos uma Zona Industrial sem esgotos e a depender de fossas. E acessos a Olhão com alcatrão em condições deploraveis
P
Many old fishing communities flourish with tourism,but only when the waters are not polluted.
Spain bans anchoring in many area But provides paid mooring bouts.Tourists will not come to polluted water fronts,filled with advertising hoardings,and a Mayor that brings no commercial understanding.
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