José Socrates e a classe política europeia fizeram aprovar um tratado, cozinhado entre eles e à revelia dos povos que representam. Alguns países optaram por ratificar o tratado através de referendo (caso da Irlanda) e outros pelos parlamentos.
Hoje, muito dificilmente conseguiriamos viver fora da UE. Mas tal não significa que tenhamos de aceitar tudo quanto a classe política nos quer impor. Já sacrificámos demasiado em nome dessa mesma UE. A agricultura rebentou. A pesca secou. As indústrias estão cada vez mais periclitantes. As estradas, as escolas, os hospitais, tudo o que construímos com os dinheiros que vieram da UE, foram uma forma de comprar (leia-se liquidar) os nossos meios de produção.
Fomos mocinhos bem comportados e abatemos a maioria da nossa frota e mais abateríamos se houvesse autorização e dinheiro para mais abates. Com as directivas comunitárias a ditarem a liberalização dos mercados, pensou-se que irímos ter o peixe mais barato. Pura ilusão. Continuamos a pagar, bem pago, e o pescador é que vê o valor do pescado diminuído, em lota. Com a agricultura, um pouco mais do mesmo. E a pesca tal como a agricultura lá foram definhando ao longo dos anos.
Começou a concentração dos grandes capitais, os bancos fundiram-se uns com os outros, houve fusão entre petrolíferas, alianças entre seguradoras, etc. O grande capital foi-se concentrando, foi-se unindo, foi ganhando ainda mais força e foram caíndo em cima do cidadão comum, cada vez mais pequeno e cada vez mais indefeso. Os lucros do grande capital são cada vez mais escandalosos e os pequenos ficam cada vez mais asfixiados, perdendo os seus parcos haveres.
Entretanto, os políticos entraram pela via da globalização e passámos a ter texteis da China e da Índia, rebentando com a nossa industría textil. Noutros sectores de actividade tem vindo a acontecer o mesmo. Foi a deslocalização das empresas para países com mão de obra mais barata (leia-se, escrava) e com matérias primas mais baratas. Mas o desemprego foi aumentando em Portugal e por essa Europa fora. Mas, nunca são os políticos a ficarem desempregados. São sempre os que já vivem com mais dificuldades e que sempre foram trabalhadores por conta de outrém.
Uma triste constatação é de que os politícos quando deixam a actividade, ficam todos bem muito "empregados".
O "Tratado de Lisboa" é mais um ataque aos trabalhadores europeus, é mais uma forma de aumentar a exploração do trabalho. Enquanto que para os políticos europeus é fácil juntarem-se, dicutirem e fazer aplicar medidas, já aos trabalhadores se torna muito mais difícil de conseguirem arranjar formas de entendimento que consigam contrariar as políticas que os governantes vão lançando. A aprovação do horário laboral até às 65 horas semanais é um exemplo.
Os irlandese compreenderam isso e tanto assim é, que foi o referendo com maior participação, com mais de 50% da população a participar no refrendo. E disseram NÃO. Nós, portugueses, também deveríamos ter o direito a pronunciar-nos mas, também como já é normal neste país, ficou tudo pelo parlamento, onde um partido com maioria absoluta entende que o povo português não tem cabeça para pensar.
Não é o trabalhdor por conta de outrém que tem acesso a uma cadeira na administração da Mota-Engil, ou numa Brisa, ou num Banco Português de Negócios, ou numa outra qualquer empresa de grande dimensão. São os políticos que tem acesso, porque eles, ao abandonarem a política, ficam com os contactos, ficam com os "conhecimentos", ficam com o "poder" de influenciar e de conseguir os bons contratos....
NÃO ao "Tratado de Lisboa"!
2 comentários:
também cá em Olhão temos disso!Melinho antigo vereador,que fez negócios de terrenos com a real marina,enquanto verador da CMO é hoje responsásvél pela obras da mesma real marina.Pelo menos eu já o vi nas obras a dar indicações técnicas.
A transparência é enorme,as contas bancárias essas não se sabem. o que se sabe é que terrenos que eram da autarquia passaram a valer milhões.Quanto recebeu a CMO por eles ?está no segredo dos deuses,entretanto correram com pessoas que toda a vida, tiveram ligadas ao mar e aquela zona para o extremo oposto da cidade,algumas a pagar mais de 10 vezes o que pagavam nas casa antigas .
Se calhar os irlandeses que votaram contra o Tratado de Lisboa não foi por causa dum eventual "ataque" aos direitos dos trabalhadores... Se calhar foi porque como a direita mais retrógada lhes disse, se o Tratado fosse em frente teriam que abrir portas a legislação como a da liberalização do aborto, do divórcio mais fácil, ou do casamentos homossexuais, que o clero local combate ferozmente, e até agora com sucesso contínuo, diga-se de passagem, o que torna o seu país aquele com a legislação mais retrógrada nessas matérias.
António
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