A greve da pesca continua. Com alguns excessos, fruto da revolta, como aconteceu em Matosinhos. Sem problemas de maior, os armadores e os pescadores de Olhão vão-se aguentando firmemente. A demagogia e a arrogância de José Sócrates e do ministro Jaime Silva não tem resultado.
Não cabe aos pescadores e aos armadores encontrarem uma solução para a Docapesca deficitária, como o ministro pretende. O sistema de venda de pescado está completamente errado, partindo de um pressupsoto errado, iniciando a venda a partir de um valor e descendo ao sabor do sistema intermediário. São os interemediários os únicos a ganharem com o actual sistema de lota. Práticamente não existe concorrência. São meia dúzia de comerciantes que manipulam os preços e que, na presente situação, ainda pretendem boicotar.
A questão do combustível é apenas uma parte do problema, é real, é o afundanço da pesca. Os custos de operação são de tal forma elevados que a pesca não comporta. Mas também não comporta, em boa parte, porque o pescado não é devidamente valorizado e os rendimentos da pesca são cada vez mais diminutos.
Os armadores e os pescadores devem procurar formas alternativas de fazer face a este sistema intermediário. Não é fácil. Não é fácil porque os intermediários vão tentar tudo para boicotar novas formas de organização. Não é fácil porque mexe com hábitos enraízados. Não é fácil por uma questão de mentalidade. Mas, se armadores e pescadores se unirem em torno de um determinado objectivo até é possível. Há artes de pesca onde é mais fácil esse tipo de organização: as ganchoras e os covos. Chamem-lhe os nomes que quiserem, cooperativas, confrarias, associações, mas ousem avançar. Dá trabalho, implica sacrifícios mas se houver seriedade, a curto prazo começarão a obter os benefícios.
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