terça-feira, 24 de junho de 2014

OLHÃO: DRAGAGENS DE MENTIRA NA RIA FORMOSA

O Plano de Valorização Hidrodinamica da Ria Formosa prevê quatro intervenções, em outros tantos sítios: Cacela, Tavira, Olhão e Faro/Olhão.
No passado dia 18 terminou o prazo da consulta publica do Relatorio de Conformidade Ambiental (RECAPE) da intervenção em Tavira e dia 27, próximo termina o prazo da consulta publica referente à intervenção Faro/Olhão.
Um resumo da intervenção Faro/Olhão, mostra-nos a remoção de sedimentos com dragagens nalguns pontos do canal de Olhão até à barra e dessa até ao Esteiro do Ramalhete, passando pelas bacias de manobras e atracagem do Cais do Porto Comercial de Faro, e a respectiva deposição na Paria do Farol e no lado poente da península do Ancão.
Uma primeira apreciação é a de que estas intervenções seriam mais depressa inseridas num Plano de Mobilidade da Ria Formosa e do uso balnear do que propriamente num plano dito de valorização hidrodinamica.
É verdade que as dragagens representam sempre algum beneficio na hidrodinamica mas também apresentam sinais negativos que importaria acautelar que quer o EIA quer este Recape não salvaguardam.
É que se foi feita a analise físico-química dos sedimentos do canal de Olhão para verificar se a sua qualidade permitia a deposição na Praia do Farol, já na zona do cais comercial não foi feita tal analise, embora seja mais que provável a sua contaminação por metais pesados.
O RECAPE diz que serão feitas as analises antes do inicio da empreitada, mas perguntamos nós porque as não fizeram durante o Estudo de Impacto Ambiental. Que se pretende esconder com isto? A presença de metais pesados recomendaria outro tipo de abordagem que não a prevista, como a deposição na costa, transferindo assim a poluição de um lado para outro.
Por outro lado, o próprio Recape reconhece que os bivalves serão afectados durante a execução do projecto, particularmente nos canais de Olhão e Faro, mas nenhuma entidade se propôs indemnizar os produtores pelos danos causados.
Enquanto as barras continuam assoreadas, particularmente a da Armona, não permitindo a renovação de águas, por mais planos ou dragagens que façam, não há qualquer valorização hidrodinamica, mas sim uma intervenção feita de mentira para enganar os produtores de bivalves.
Aliás, até pela definição de prioridades se percebe que outros interesses se levantam, que não os da valorização ambiental da Ria Formosa. Cacela apesar de estar em risco iminente não é por ora objecto de qualquer intervenção, porque não é zona de maior navegação nem de grande uso balnear, mas com um património secular a defender, o que parece não preocupar estes senhores.
A maior área de produção de bivalves, Olhão, com péssima renovação de águas, também não vê a sua barra dragada. Quais, então as prioridades: a mobilidade e o uso balnear.
Resta-nos aguardar, sabe-se lá para quando as dragagens na barra da Armona e Cacela, sendo certo que o que se prepara, é levar as areias dragadas na Armona para a Praia de Faro.
Deste RECAPE a única informação boa é a de que a Sociedade Polis será extinta no fim do ano.

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