domingo, 26 de outubro de 2014

OLHÃO: DE MENTIRA EM MENTIRA...

Foi a proposta de orçamento para a Câmara Municipal de Olhão que nos alertou para a situação da nova ETAR e o secretismo que a envolveu, de tal forma que ninguém deu pela discussão publica a que o projecto obrigava.
Segundo se lê na pagina da Agência Portuguesa de Ambiente, a discussão publica decorreu entre Julho e Agosto deste ano, tendo sido "publicitada" nos sites das Câmaras Municipais de Faro e Olhão, da Agência Portuguesa de Ambiente, da CCDR, da Águas do Algarve e enviada uma nota de imprensa para a comunicação social.
Diga-se de passagem que tenho um alerta do Google para detecção das discussões publicas da Avaliação de Impacto Ambiental e não recebi qualquer notificação, fosse ela publicada pelos órgãos de comunicação social ou pelas entidades publicas.
No entanto foram chamadas a pronunciar-se algumas associações ditas ambientalistas, como a Quercus ou a LPN, entre outras, que no que toca aos projectos públicos, raramente se pronunciam ou quando o fazem é de tal forma que avalizam as obras publicas, mesmo que estas prejudiquem as populações, pondo em causa eco-sistemas como o da Ria Formosa.
Nenhuma associação ligada à defesa dos interesses da Ria Formosa, particularmente a da Ilha da Culatra, da Adrip de Cacela, a VIVMAR ou até mesmo a Cooperativa Ria Formosa, foram chamadas a pronunciar-se.
E a verdade é que aprovaram, nas costas dos principais interessados a aberração do Estudo de Impacto Ambiental.
Não nos conformamos com esta decisão e tudo faremos para obstaculizar às intenções propostas, por entendermos que a solução apresentada não satisfaz os milhares de famílias que dependem da Ria Formosa.
E não satisfaz precisamente por que mantém a mesma localização dos pontos de descarga, porque tem como objectivo pouco mais que a remoção microbiologica, mas que quanto às descargas de nutrientes limita-se a dar cumprimento ao que já hoje vigora.
Ora, são os nutrientes e a matéria orgânica em suspensão a principal causa indirecta da mortandade dos bivalves. Os teores de fosforo e azoto, aceleram, favorecem o crescimento de fitoplancton que vai consumir o oxigénio da agua e as espécies mais frágeis, como os bivalves, acabam por sucumbir, razão mais que suficiente para estar contra isto. Quanto à matéria orgânica em suspensão na agua, cria o ambiente propicio ao desenvolvimento do parasita Perkinsus Atlanticus, o principal agente patológico, que está na origem da elevada mortalidade da ameijoa.
Por razões de principio e coerência, acrescentamos que este poluição é feita em terra e não podem ou não devem os recursos naturais ser degradados por ela, quando bem utilizada até poderia ser tornada em algo útil.
Na verdade, o próprio desenvolvimento tecnológico permite, hoje, uma redução para níveis mais compatíveis de metais pesados. Sendo as águas residuais urbanas ricas em nutriente/fertilizantes agrícolas, entendemos que a melhor solução e de mais baixos custos seria a reutilização para fins agrícolas.
Não queremos mais do mesmo. Contra  nova ETAR na Ria Formosa!
REVOLTEM-SE, PORRA!

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