segunda-feira, 8 de agosto de 2016

ALGARVE: DERROCADAS, UM ACTO NATURAL OU ANTES NEGLIGÊNCIA?

Foi noticia as derrocadas das arribas nas Praias de Maria Luís e de Benagil, e se nalguns casos dizem ter havido vitimas, noutros diz-de que não.
As arribas são compostas por arenito e por isso apresentam alguma fragilidade perante a chuva ou o mar se a elas chegar, ameaçando desmoronar, sem avisar, ou sem ter de apresentar sinais de eminente derrocada como fissuras.
A verdade, é que no caso da Praia Maria Luís, onde há uns anos atrás houve mortos, a agua do mar chegou até à base da arriba, fragilizando-a. Ao corroer a base, é normal acontecer a derrocada.
Mas isto revela a forma negligente como as entidades publicas com responsabilidades nesta matéria agem, uma vez que só é possível a agua do mar chegar à arriba, porque o plano da mancha de areal ficou abaixo do plano de agua, ou seja, um indicio de que a Praia necessitava de uma intervenção de enchimento da praia junto à arriba por forma a evitar o que aconteceu.
Perante as derrocadas, as autoridades têm mandado retirar o "entulho" quando o deviam deixar na Praia, junto à barreira, para que o mar lavasse o arenito, deixando-o igual ao da Praia, e reforçando a arriba.
Por outro lado, pergunta-se porque razão, durante a época baixa, não se promove uma "derrocada" controlada, evitando assim fragilizar as arribas. Quando as autoridades convidam as pessoas a manter uma distancia equivalente a uma vez e meia a altura da arriba, por razões de segurança, porque não promovem elas uma inclinação da arriba?
Não se pense que este problema das arribas se restringe a estes sítios, existindo um pouco por todo o Algarve, e nalguns podendo constituir situações bem mais gravosas. Em muitos casos, há arribas que, embora dentro da faixa que deveria pertencer ao Domínio Publico Marítimo ou a ele sujeito enquanto servidão administrativa, foi permitida a edificabilidade, porque se tratava de pessoas com algum Poder ou influência, mas que perante a eventualidade de uma derrocada nada podem.
Mas existe um pequeno Paraíso na Ria Formosa, com importante património secular erguido no cima da arriba e que está em risco, por culpa das autoridades com poder de decisão. Falamos de Cacela Velha, Sítio da Igreja, onde existe um Forte, uma Igreja, um cemitério romano e outro património edificado, para além do sempre importante património humano, que foi colocado em situação de risco com a abertura artificial de uma barra, que criou uma fragilidade muito grande do cordão dunar naquela zona, e que foi vitima de um galgamento oceânico em 2010 mas para o qual, e apesar de estar previsto no Plano de Intervenções da Polis, não houve um cêntimo.
Chorar e lamentar como carpideiras, é demasiado curto para quem tem a responsabilidade de evitar estes acidentes, tomando as medidas preventivas necessárias.
Ou estão à espera de matar as pessoas que vivem em Cacela Velha?


1 comentário:

Anónimo disse...

A zona de Cancela a Velha no que toca à conservação da Ria foi esquecida nos ultimos50 anos. Era uma zona de boa produção de bivalves e excelente qualidade, O assoreamento
do canal deu origem á destruição de toda a zona produtiva e provocou o desastre a que assistimos