Todos sabem que a aposta de desenvolvimento da Câmara Municipal de Olhão, é o turismo mas ninguém fala das consequências que o mesmo pode e já está a ter para os grupos socialmente mais vulneráveis.
E não somos quem o diz, as sim a própria Comissão Europeia como se pode ver em https://www.dn.pt/edicao-do-dia/08-fev-2019/interior/comissao-europeia-turismo-tem-roubado-casas-aos-mais-pobres-de-lisboa-e-porto-10551552.html. Embora o artigo aponte para a situação de Lisboa e Porto a verdade é que se está generalizando por todo o País.
Em Olhão a autarquia até se gabava de que a cidade estava na moda fruto do fluxo turístico, residencial, omitindo que a Zona Histórica estava ser ocupada por novos proprietários estrangeiros. A autarquia não teve a mais pequena preocupação em reabilitar as casas degradadas que ali existem, para continuar a manter os antigos residentes.
Pelo contrário, com mais olhos que barriga, a aposta da autarquia assentou na subida do IMI para os imóveis degradados, quando tem mecanismos legais que lhe permitem intervir substituindo-se aos proprietários, com quem podia celebrar protocolos, com vista á recuperação do edificado sem afectar o direito de propriedade, mas outros valores se levantaram.
No fundo, toda a zona envolvente da frente ribeirinha, está a ser canalizada para o sector turístico-imobiliário, correndo com as populações residentes para a periferia, algo que até a comunidade estrangeira residente na Zona Histórica contesta, já que a população residente, pescadores e operárias conserveiras fazem parte do património humano a preservar.
Embora a preocupação da Comissão da Europeia tenha mais a ver com a possibilidade de a breve prazo se vir a verificar nova crise financeira pela exposição da banca ao sector imobiliário, de habitação, não deixa de ser significativo o alerta quanto às consequências junto das populações nativas.
Ao preço que estão as casas, não será de esperar outra coisa que os grupos socialmente mais vulneráveis, como os reformados sejam obrigados a abandona-las e ir viver para casa de familiares. Não há duvida de que Olhão está na moda mas por razões bem negativas que o tempo demonstrará.
E não será com a construção de meia centena de casas a custos controlados que vão resolver ou ajudar a resolver um problema, que resulta e muito dos incentivos fiscais dados a estrangeiros que demandem estas paragens.
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1 comentário:
Não será isso a gentrificação da Barreta e do Levante?
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