sábado, 10 de agosto de 2019

A GREVE DOS MOTORISTAS DE MATÉRIAS PERIGOSAS

Nos últimos dias não se tem falado de outra coisa que não seja a greve dos motoristas de matérias perigosas, com a opinião bastante dividida, mais por influência da comunicação social do que pelos efeitos da greve.
De tudo tem sido utilizado para denegrir a luta de quem trabalha; do presidente da republica, ao governo e à maioria que o suporta, passando por sindicatos que se dizendo de esquerda, não passam de sindicatos amarelos.
Todos devem ter a noção de que a Democracia, a Liberdade, os direitos laborais e sociais foram conquistados pela luta dos Povos em todo o mundo. A classe dominante jamais abriria mão dos seus privilégios se os trabalhadores não tivessem lutado por eles. Também em Portugal isso aconteceu com o 25 de Abril. Nunca será demais lembra-lo!
Pouco se fala nos motoristas, cingindo-se a censura à figura, sinistra diga-se, do putativo presidente, mas não é ele quem faz greve, são os motoristas. Quando muito ele poderá influencia-los!
Primeiro era porque tinha um carro de luxo, depois devassaram a vida privada do homem desde que nasceu e por fim vêm com uns recibos para demonstrar que os motoristas estão ricos com o que ganham.
Do lado do representante do patronato pouco ou nada se diz, quando há muito para se dizer! Mas vamos por partes!
Os motoristas têm um ordenado base de 630 euros e isso ninguém nega. Dos recibos que vieram a lume, em regra são apresentadas ajudas de custo que fazem subir os seus rendimentos. Curiosamente em nenhum deles se vê o pagamento do subsidio de alimentação, nem as refeições quando em serviço da empresa; horas extraordinárias, diurnas ou nocturnas nem vê-las; do numero de horas de trabalho efectuado, nada. Nem o valor do salário hora! Recibos pouco transparentes.
Logo os apoiantes do governo e dos fura-greves vêm dizer que só agora é que falam, mas não perguntam onde é que andou a Autoridade para as Condições de Trabalho todos estes anos, que não viu nada.
Quanto ao representante dos coitadinhos dos patrões, não se diz que o mesmo, socialista, foi nomeado pelo actual governo, em 2017 para presidir ao Conselho Geral do Fundo Autónomo à Concentração e Consolidação de Empresas e em 2018 para presidir ao Conselho Geral do Fundo Imobiliário Especial de Apoio ás Empresas. 
Temos assim, um advogado que representa os patrões e ao mesmo tempo dois organismos do Estado, coisa que não incomoda nada ao Poder mas que se torna muito conveniente nesta situação. Não deveria, enquanto mantivesse esta ligação ao aparelho de Estado, manter-se distante, mandando outro no seu lugar? Mas não se fica por aqui o representante dos patrões, já que ele é também irmão do adjunto do secretário de Estado da economia, que por sua vez tutela os organismos a que ele preside! É só mais um caso de família, um caso de nepotismo familiar!
Para convencer os portugueses da justeza das suas medidas, o governo pediu à PGR um Parecer, transformando um processo político num caso de justiça. 
Claro que todos sabem quem faz as Leis e porque as fazem. É o governo e os seus parceiros de parlamento, que enquanto representantes da classe dominante, mais uma vez tendem a restringir os direitos das pessoas. Uma lei da greve cada vez mais restritiva ao ponto de permitir a fixação de serviços mínimos totais o que impede o livre exercício do direito á greve. Como se já não bastasse as restrições laborais impostos pelo Código de Trabalho.
No fundo o que está em causa é a Democracia e a Liberdade para quem trabalha, um retrocesso que todos deveríamos rejeitar.  

2 comentários:

Anónimo disse...

Que impertinência recordar o 25 de Abril e tudo o que foi exigido como direitos e garantias para os "trabalhadores" incluindo o próprio governo que também entrou em greve, caso inédito no mundo. Quarenta e cinco anos depois a MAFIA com etiqueta socialista opõe-se com a requisição das FA ao que antes apoiava cegamente. Porreiro moss,que mais cambalhotas iremos ver nos artistas da política.

Atento disse...

Quem é afinal o representante da ATRAM senão um sabujo dos governos PS desde o tempo do Socrates.