sábado, 7 de junho de 2008

UMA SEMANA DE CONFLITUALIDADE

O Centro Nossa Senhora do Carmo, da Fuseta, veio a público por razões que não são as melhores. Mas há sempre uma leitura política a fazer, há ilações a tirar. A lista pouco escrupulosamente apoiada pelo presidente da câmara ganhou as eleições para a direcção do Centro, por escassos sete votos. A forma como o processo foi conduzido e o boato, não sabemos se com ou sem fundamento e valendo o que um boato possa valer, entretanto posto a circular, de que o presidente da câmara teria comprado dois apartamentos em Lisboa, para os netos, viria a deixar marcas. Nada temos contra o que o presidente compre ou deixe de comprar e muito menos se é para a família. Desde que tenha possibilidades, porque não? Está no seu direito, como qualquer cidadão e, nem é o facto de ser presidente da autarquia que lhe retira seriedade. Mas, num meio pequeno como a Fuseta, a inveja, a maledicência e o bota- abaixo pode ter efeitos nefastos. Só que o descontentamento vai grassando, o eleitorado do P"S" vai-se demarcando e vai-se bamboleando para outras bandas e não nos admiraria nada que, nas próximas eleições, surgisse uma lista independente à Junta de Freguesia da Fuseta, composta por cidadãos do P"S" e de outros quadrantes políticos.
Tivemos Manuel Alegre em confronto com o P"S", ao juntar-se ao Bloco de Esquerda, no "combate" pelas desigualdades sociais. Se os líderes "socialistas" tivessem vergonha na cara mandavam Manuel Alegre às urtigas, impedindo-o de ser oposição dentro do próprio partido. Uma atitude dessas poderia ter efeitos desvastadores dentro do P"S" porque a expulsão seria tornar Manuel Alegre mais uma vitíma de Sócrates e o poeta deputado ex-candidato à presidência da república levaria com ele parte do eleitorado P"S". Num cenário de aliança de Manuel Alegre com o Bloco de Esquerda, este partido até se arriscava a ser o segundo, senão mesmo, o partido mais votado. A cobardia dos líderes do P"S" faz com que Manuel Alegre se vá aguentando.
A greve da pesca veio mostrar como o país real está moribundo. O problema da pesca não é só o preço dos combustíveis. O maior problema está no sistema parasitário de intermediários que faz com que o preço do pescado se multiplique dezassete vezes entre a primeira venda na lota e a venda nos restaurantes. Foi isso que toda a comunicação social teve oportunidade de constatar. Os pescadores acabaram a greve com uma mão cheia de nada. O crédito de 40 milhões de euros é só uma forma de apertar a forca ao pescoço da pesca. Em termos reais não houve qualquer solução.
Tivemos mais uma das três maiores manifestações de sempre. Mais de 200.000 pessoas em manifestação que nada representam para o primeiro ministro. Pois é, para o primeiro ministro o que conta é o grande capital, é aumentar o fosso entre os ricos, muito ricos e os pobres, cada vez mais pobres. Mas a CGTP. que liderou a manifestação, deve pensar que a única resposta ao discurso arrogante do primeiro ministro e do P"S" é a radicalização. Há, de facto, uma conjuntura internacional que não é favorável mas que não explica tudo.
Ontem vinha um estudo que apontava para que o carro com mais saída (em termos percentuais) tem sido o Jaguar. Qualquer cidadão sabe que um carro destes não é acessível à bolsa da classe média e muito menos à restante pobreza.
Hoje, no jornal Expresso, vem uma notícia de que os barcos de luxo estão a ter muita compra. Barcos acima dos 500.000 euros. Quer dizer, o discurso, a demagogia do primeiro ministro aponta para a crise apenas para o trabalhador por conta de outrém, porque as fortunas dos mais ricos vai aumentando cada vez mais.
Tivemos ainda a manifestação dos camionistas do Porto e tudo indica que a próxima semana vai ser ainda mais dura, que mais lutas irão despontar e o snr Sócrates a cair na popularidade. Pudera! É, só, o governo mais à direita desde o 25 de Abril de 74, com medidas económicas e sociais bem piores que Salazar e Marcelo Caetano. Se o primeiro ministro pensa que nos faz apertar o cinto, agora, para em 2009 dar-nos um rebuçado e tapar-nos a boca, que se desiluda.
O povo português tem sido tratado, pelo P"S", abaixo de cão. Os trabalhadores portugueses estão, praticamente, reduzidos à escravatura, tal como os chineses ou os indianos. Os europeus criticam a mão de obra escrava da China e da India. E nós, o que somos? A politica de imigração só tem servido para baixar os salários dos trabalhadores portugueses. Não, por culpa dos imigrantes. Eles não são protegidos, não lhes concedem os mesmos direitos que aos portugueses, não ganham o mesmo que os portugueses e isso torna-os num alvo apetecido para o patronato, tornando-os escravos. Porca miséria, maldita classe política, que só protege o grande capital contra os indefesos trabalhadores.
Já niguém acredita em falsos rebuçados...

3 comentários:

Unknown disse...

o problema do pobre e o do rico não são assim tão práticos de nomear como aqui se faz.
a política tem a sua quota parte mas a solução são as mudanças em que o POVO vota para depois recusar.
temos de saber primeiro para onde queremos ir.
o que o "p"s" tem de crise, ainda se agrava mais quando sabemos que nem a jusante e nem a montante se vê melhor liderança.
o "p"s"d", ou a alternativa, a sacristia por refúgio, mais as malfadadas atrocidades que sempre se cometeram nestes antros.
não vejo que seja solução.
quem quer a direita, não quer ser despedido, mas vai sê-lo. já quem quer a esquerda, não quer pagar impostos, mas vai ter que pagá-los.
voltemos ao centro/esquerda esquerda e sejamos mais objectivos, pode ser a solução.

Anónimo disse...

Bem, na verdade, o que temos assistido é a um, cada vez, maior crescimento das grandes fortunas e a uma, cada vez, maior depauperação das condições de vida dos trabalhadores. A direita e o centro sempre tem falado de combate às desigualdades, de uma maior justiça social, etc, etc. Na prática, o que temos assistido, é precisamente o contrário: as desigualdades acentuam-se cada vez mais e até a própria classe média praticamente deixou de existir. Lamentavelmente as alternativas não existem ou, as que existem, representam cada vez mais do mesmo. O que assistimos é a um, cada vez amior, lucro das grandes empresas, sejam do capital financeiro ou não, a salários cada vez mais baixos e a um custo de vida, cada vez mais alto. Quem pode, quem tem dinheiro, muito dinheiro, está bem. Quem trabalha por conta de outrém ou tem uma pekena empresa, cada vez se vê mais asfixiado. O grande capital pode ter dividas à Segurança Social e às Finanças (dá sempre para negociar), o pequeno vê logo a sua casa ou o seu carro a ser penhorado.
As soluções não são fáceis nem espera milagres, mas pelo menos mais um pouco de justiça...

Anónimo disse...

Não existem soluçoes faceis é verdade, mas com esta gente CENTRAO (PS,PSD) á 35 anos que nos governam e as pessoas começam a duvidar se com esta gente vamos lá.
É logico que entre o Deficit e o estado da SAUDE, EDUCAÇAO, JUSTIÇA e do Estado Social à que tomar opções. Porquê para cumprir o deficit por o Pais a pão e agua!!
Negocei-se com a CEE o Deficit,
os Portugueses e a Europa e o
Estado Social vai tudo abaixo, queremos pessoas ou Deficit, Vamos ter muita conflituidade na Europa e por cá muito mais,os burocratas que estão em Bruxelas querem lá saber dos pobres. Como a historia nos diz à sempre solução, pode é ser mais ou menos radical.
Assim não vamos lá e esta é uma grande verdade.