segunda-feira, 17 de junho de 2013

RIA FORMOSA: SOMATORIO DE ASNEIRAS E CRIMES

Está em curso a discussão publica do Plano de Acção para a Valorização Hdrodinamica da Ria Formosa e Mitigação de Riscos para as Ilhas-Barreira. Discussão publica não divulgada, mantida em secretismo, porque o Plano não é claro nem transparente. Mais, se questiona, porque razão a Sociedade Polis da Ria Formosa, a promotora da acção, não foi para junto das populações discutir onde, quando e como se deveriam processar as intervenções, obedecendo a critérios muito duvidosos, dos quais aqui daremos conta.
Começamos desde logo pela situação da Barra da Fuzeta em avançado processo de assoreamento, dificultando a navegabilidade das embarcações de maior porte, que têm de esperar pelo encher da maré, mas onde não se prevê qualquer intervenção.
Em Cacela e apesar de ter entrado em ruptura há cerca de três anos, a intervenção não é considerada proritaria, argumento invocado para a intervenção de Tavira, que apenas está ameaçada de ruptura. E não só, das duas opções apontadas, qualquer delas prevê a manutenção da Barra do Forte, podendo inclusive ser posta em concorrencia com a Barra do Lacem, quando em 2010 e a propósito da Barra da Fuzeta se dizia que tal não podia acontecer. Certo é que a população de Cacela não foi tida nem achada e a decisão tomada parece esconder interesses ocultos e pouco claros.
Na Barra da Armona e canais adjacentes pretende-se dragar mas dando como destino das areias, a Praia de Faro. Ora os molhes da Barra de Faro/Olhão impedem a passagem das areias de poente para nascente, o seu movimento predominante, acumulando-se no lado poente da Barra  de Faro, mais precisamente na Ilha Deserta. Assim, ao não repor as areias no seu ponto de origem, a Ilha do Farol, a curto-médio prazo, é esta que vai entrar em ruptura, porque as areias vão continuar a migrar diminuindo em largura e altura o respectivo cordão dunar.
Convém também desmistificar os aspectos positivos apontados na valorização hidrodinamica. É que apesar de em 1997 ter havido dragagens em toda a Ria, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, mandou elaborar estudos/monitorizações para avaliar dos efeitos das descargas das águas residuais urbanas na Ria Formosa, sintoma de que afinal as dragagens em pouco beneficiaram a melhoria da qualidade ambiental das águas. Não é, pois pelas dragagens que se resolve o problema da poluição da Ria Formosa, mas serve para adiar a construção de ETAR de nível terciário com desinfecção.
E porque se fala de poluição, a hipocrisia do estudo vai ao ponto de dizer que a qualidade do ar é boa e os pouco focos de poluição se devem à navegação marítima, mas não diz uma palavra sobre as emanações do gaz metano produzido pelas ETAR.
Uma analise mais aprofundada mostra que afina a preocupação maior, vai mais uma vez para o uso balnear e a náutica de recreio. É por demais evidente que a Península de Cacela não tem o mesmo impacto turístico que a Praia de Tavira, E nem mesmo o facto dos galgamentos oceânicos porem em risco o edificado histórico com séculos de existência, como o Forte, a Igreja ou o Cemitério, são motivo de preocupação. Não é pela segurança das pessoas e bens que são feitas as intervenções. E pode dizer-se o mesmo em relação à Praia de Faro onde as casas dos pescadores não ficam livres do risco com a intervenção planeada.
As populações da zona da Ria Formosa devem manifestar-se contra este Plano por ele não satisfazer minimamente os seus interesses e até mesmo aqueles que podem vir a ser beneficiados pelo conjunto de intervenções como é o caso da Ilha do Farol, devem pôr de parte um pouco do egoísmo e aliarem-se àqueles que vão lutar contra esta aberração.
Uma palavra ainda para as Câmaras Municipais  que sabem da existência do Plano, que têm os documentos para que todos possam aceder, mas que não divulgam porque outros interesses se levantam, tornado-os a todos por igual um bando de criminosos.
REVOLTEM-SE, PORRA!

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