quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

ALGARVE: A DESTRUIÇÃO DA ECON0MIA PELA BUROCRACIA!

Economia da Alfarroba

Uma nova oportunidade

Uma empresa familiar com sede na Mesquita (São Brás de Alportel, Algarve), depois de 4 anos de espera, viu recentemente expirar um projecto aprovado com fundos europeus do PRODER devido a questões burocráticas. O plano era construir uma nova unidade industrial de torragem de polpa de alfarroba. Um produto de alto valor acrescentado destinado à exportação e com aplicações na alimentação animal (substituto do soro lácteo) e na alimentação humana. O projecto previa 2,3 milhões de euros de investimento, sendo 35% a fundo perdido.
A alfarroba é a mais sustentável das matérias-primas endógenas do Algarve. Na região, existem cerca de 2,5 milhões de árvores, que produzem em média 50 mil toneladas anuais. Conforme as colheitas, segundo nos diz Nuno Gonçalves, da Nepa Trital, uma indústria de trituração de alfarroba, em pleno barrocal algarvio.
A empresa foi fundada pelo pai, em 1978. Hoje tem uma capacidade para processar 7500 kg/hora de alfarroba, produzida sobretudo no interior dos concelhos vizinhos de São Brás de Alportel.
“O meu avô era comerciante de frutos secos, um comércio tipicamente mediterrânico que existia no passado. O meu pai, José Natalino Gonçalves, vendeu o negócio de cerâmica artesanal que tinha para se dedicar a tempo inteiro à alfarroba. Começou com um pequeno armazém e evoluiu para uma indústria transformadora”, explica Nuno Gonçalves, 31 anos.
“A transformaçãoda alfarroba é um processo bastante simples. Na prática, consiste em triturar por um processo mecânico, através de moinhos de martelos, até ter um tamanho específico. Daqui resultam dois tipos de produtos: a semente (10%) e a polpa (90%). No mesmo processo, faz-se uma triagem mecânica de separação entre ambos. A polpa é dividida em vários calibres”, diz.
Os produtos alimentam duas cadeias de valor completamente distintas: a semente de alfarroba é vendida às grandes empresas multinacionais da indústria alimentar. É transformada em Locust bean gum (E-410), um estabilizante natural, aplicado na conservação de todo o tipo de alimento.
“Na parte da semente de alfarroba, a possibilidade de sermos competitivos à escala internacional é pequena, porque é um mercado que está concentrado em grandes players internacionais”, diz, salientando também que Marrocos se assume cada vez mais como o maior produtor de sementes de alfarroba.
E a polpa? “Tradicionalmente, e sobretudo aqui nos mercados do sul da Europa, sempre foi muito usada como input para a ração animal. No entanto, tem havido uma evolução no sentido de ser usada em produtos de maior valor quer na alimentação animal, quer na alimentação humana”, explica Paulo Gonçalves, 34 anos, economista e responsável pelas vendas internacionais da empresa.
“A polpa de alfarroba tem propriedades fantásticas e que estão muito estudadas. A mais conhecida é a questão da saúde intestinal, que cada vez é um tema mais importante na alimentação animal face ao impacto na produtividade na criação”, considera.
“Por isso, temos ambição de produzir farinha de alfarroba torrada e de produzir um produto de grande qualidade destinado à alimentação animal. Sendo torrada, a farinha tem menos humidade e é um substituto do soro lácteo. Protege a estômago e evita diarreias. Isso ajuda aos animais a crescer de forma mais saudável e célere”, com benefícios para os criadores.
Desilusão e motivação
Com este objectivo em vista, em 2010, os irmãos Gonçalves apresentaram um projecto ao PRODER que foi aprovado, num total de 2,3 Milhões de Euros de investimento. Contudo, e apesar da luz verde para avançar, o financiamento expirou no passado dia 31 de Dezembro.
“Fizemos um investimento estrutural no terreno, contactámos com fornecedores para perceber a tecnologia necessária. Tivemos de encomendar estudos para esta parte do mercado, que é algo em que nós não trabalhamos directamente”, revela Paulo Gonçalves.
“Mas não conseguimos executar o nosso plano, simplesmente, porque o terreno que temos está localizado numa zona em São Brás de Alportel, que ainda não tem o Plano de Pormenor aprovado para a zona industrial. Aliás, este seria o único sítio disponível para o efeito. Por burocracias várias que nos são alheias, não conseguimos avançar”, lamenta.
“Em 2010, candidatamos o projecto com a certeza escrita do então autarca que a situação se iria resolver no máximo, dentro de um ano. A nossa expectativa é que isto estivesse resolvido em 2011. É uma situação que resulta por um lado, de atrasos vários da autarquia no sentido de acelerar a aprovação. Por outro lado, esses atrasos são também devido ao próprio processo de aprovação de um plano de pormenor, que à boa maneira portuguesa, é fruto de imensa burocracia”, envolvendo pareceres de várias diferentes entidades públicas.
“Estamos a falar na criação de 10 a 20 postos de trabalho. Em 2500 m2 de naves industriais, com espaço administrativo, laboratório, armazenamento de matéria-prima (polpa de alfarroba) e zona de processamento industrial onde se faria toda a torragem, ensaque e expedição”, revela.
“Chegámos inclusivamente a considerar colocar esta indústria em Espanha, em Ayamonte. Na altura, davam-nos uma série de vantagens. Apesar desta informação nunca ter sido confirmada, foi-nos dito que, se o projecto tivesse prioridade a nível regional, poderíamos obter até 100 por cento de financiamento a fundo perdido. É claro que para nós, que somos filhos da terra, tentámos fazer aqui”, concordam.
“Quando temos discussões com entidades responsáveis, a narrativa é muito bonita. Dizem que é preciso modernizar o país e que há dinheiro disponível. Mas depois há uma falta de enfoque em questões básicas e que são um entrave ao desenvolvimento”, criticam.
A nova unidade iria também produzir produtos de nicho para a alimentação humana: farinha torrada (um substituto saudável do cacau), extractos para chás e extractos para a indústria tabaqueira.
Perguntamos se a nova unidade tem impacto ambiental? “Não. É semelhante à torragem do café. A aplicação de químicos não existe. Não há desperdícios. O único processo industrial é um forno eléctrico ou a gás”, responde Nuno Gonçalves que é vogal na Associação Internacional de Trituradores de Alfarroba (Mondial Carob Group). Representa associados do Chipre, Turquia, Marrocos, Espanha, Portugal e Itália. Reúnem-se duas vezes por ano com vista a defender o sector a nível mundial e na procura da sustentabilidade.
Próximo passo? “Não queremos desistir. Agora, tudo dependerá do próximo quadro comunitário. Isto era dinheiro que estava destinado a Portugal e foi desaproveitado devido a burocracias”, concluem.
O texto acima foi-nos enviado por um amigo. Devido á importancia do assunto e para que todos percebam como se destroi a economia local, regional e nacional através da burocracia. Assim mais vale exportarmos estes burocratas, primeiro para depois tentar produzir. 
Comentários

2 comentários:

Anónimo disse...

Um actuar premeditado pela MAFIA local vassala de um padrinho maior.
O pior cego é o que não quer ver.

Luís Alexandre disse...

Um concelho controlado pelos xuxas, e não admirava que andasse aqui mão de um deputado que já foi director regional de agricultura...