quinta-feira, 11 de agosto de 2016

O PROCESSO DE DESTRUIÇÃO DA RIA FORMOSA

Desde a entrada na União Europeia que foram definidas as politicas para este rectangulo à beira-mar plantado. Aquilo que se passou com a adesão à, então, CEE foi o mesmo que no passado faziam com os burros, acenando-lhes com uma cenoura para os fazer andar. Na verdade, mandaram-nos milhões, na maioria dos casos, para aplicar no betão e no alcatrão, mas também para a destruição do sector produtivo. Se nós não produzimos para que necessitamos de tanto alcatrão? Ou será que há mais interessados nisso? É que se pensarmos que com tanto alcatrão, as mercadorias vindas do resto da comunidade, chegariam aqui mais rapidamente e em melhores condições, para satisfação dos interesses pesqueiros espanhois e nordicos, dos agricultores franceses, espanhois ou holandeses e também dos turismo, para nos porem de avental a fazer de criados de quem nos visita.
A Ria Formosa, não sendo uma fabrica, acaba por ser como que a Auto-Europa do Algarve, dando trabalho a milhares de pessoas, e sendo a principal fonte de rendimento das povoações ribeirinhas, com base na produção de bivalves ou da pesca e actividades a elas associadas.
Mas também já se percebeu que para os tiranos deste País, os governos do PS, PSD e CDS, há uma incompatibilidade entre estas actividades e a exploração turistica, já que os "donos" do turismo, isto é os industriais hoteleiros, querem o máximo de privacidade para os seus clientes, tornando-se necessario correr com a população nativa da Ria Formosa.
Daí que, seja através de Planos de Ordenamento, ou de regimes de excepção, o sector turistico consiga obter para si, aquilo que é vedado ao comum dos mortais, como se fossemos filhos de um deus menor. E foi assim com o Plano de Ordenamento do Parque Natural da Ria Formosa ou do Plano de ordenamento da Orla Costeira, que impões restrições às actividades tradicionais da Ria, mas permitem o uso balnear, bastanto ver que as zonas de protecção total onde é interdita a presença humana, mas que não impede o uso balnear. E são dezenas de quilometros!
Não bastando isso, então há que criar dificuldades adicionais que possam induzir as populações nativas a abandonar aquilo que desde sempre foi o seu ganha-pão. 
Daí à poluição, vai um passo, porque este tipo de poluição não tendo consequências de maior para o uso balnear, tem-no no entanto para a produção de bivalves e muito particularmente para a ameijoa-boa, para alem de ser a fonte das toxinas que originam as periódicas interdições.
Mas também temos os campos de golfe a despejarem directamente na Ria, as escorrências dos fertilizantes que utilizam na rega da relva, mas que são prejudiciais ao eco-sistema, fertilizantes que promovem o desenvolvimento excessivo de fitoplancton que no seu processo de decomposição vais consumir o pouco oxigénio presente na agua.
E como tudo isto somado, ainda é pouco, vem agora a produção maciça de ostras que vai desequilibrar por completo o eco-sistema, como aliás já aconteceu na bacia de Arcachon, donde vem a ostra de semente ou na Ria de Alvor, para não citar outras paragens.
Nós, enquanto humanos, competimos todos os dias por mais e melhor, pelo que aqueles que defendem não haver competição entre as espécies, estão na prática a negar toda a ciência. O tempo se encarregará de provar o quanto estão errados.
E é neste contexto que surgem as demolições na Ria Formosa e a questão das licenças dos viveiros.
Quando a justiça é feita tarde e a más horas, gera injustiça. Assim, quando os badalhocos dos governos e os partidos que os apoiam, levam quarenta anos para repor a "legalidade", não estão a fazer mais do que a praticar uma injustiça de todo o tamanho. Mas a questão não é de justiça, mas sim da limpeza humana, os moradores das ilhas barreira, que se quer fazer nas ilhas barreira para nela introduzir o "turismo" com toda a privacidade que desejam e onde as populações nativas serão completamente discriminadas em função da sua condição económica. Queres sol? Paga-o!
Em 2005 foram aprovadas as licenças dos viveiros com um prazo de vigência de dez anos, mas dois anos depois foi criado o regime de utilização dos recurso hidricos, que previa que no final do prazo, as concessões fossem para concurso publico.
Depois disso foi aprovada no grande circo em que se transformou o nosso parlamento, na ultima legislatura através de um entendimento entre PS, PSD e CDS, a Lei de Bases do Ordenamento Maritimo, que também prevê a figura do concurso.
Quando os nossos (i)responsaveis politicos, fazem afirmações do teor de que vão alargar o prazo das licenças, estão a adiar uma solução que sirva os interesses das populações que vivem das actividades tradicionais da Ria, porque sabem que não só vão ter à perna outros aquacultores estranhos à Ria, sejam eles nacionais ou estrangeiros, e com outras condições económicas que os nossos produtores não têm, abrindo mais uma competição desigual.
A Ria tem cerca de sessenta quilometros de comprimento, havendo espaço para que se criem zonas especificas, que pelas suas caracteristicas permitirão a produção das diversas espécies sem que estas entrem em competição umas com as outras.
Logo no processo de prorrogação das licenças, a haver, deve ficar esclarecido, o que é para produção de cada uma das especies, separando-as sempre que possivel.
A manter-se o actual figurino ou o que os politicos propõem, dentro de mais duzia de anos, não haverá qualquer destas actividades na Ria, e os seus nativos dela sairão, sem necessidade de recorrer a processos mais violentos, deicando a Ria livre para o turismo.
Acordem e reflictam! 

4 comentários:

Anónimo disse...

Que teriam dito se o Salazar tivesse imposto: Querem sol? Ai sim? Então paguem-no e não bufem.Não vai demorar, a qualidade do ar..., tudo o que um qualquer snifado possa imaginar. Moss, até onde irá esta democracia em que "o povo é quem mais ordena".

Anónimo disse...

O que está escrito é mais que certo e toda a gente ligada à Ria Formosa devia pensar
como tem sido prejudicada ao longo dos anos e sem que as Entidades Publicas ou os
Senhores Politicos tenham olhado abertamente para as possibilidades da criação de
novos empregos e aumento do volume de produções e naturalmente para o aumento da re-ceita Nacional.

Anónimo disse...

Recuperar a Ria não significa apenas dragar os canais principais e secundários. E bem
necessário que se façam estas dragagens mas a grande produção da Ria encontra-se em
canais sem classificação e nos parchais. Nestes dois ultimos locais não se conhece
quaisquer planos de recuperação embora, tal como tem sido dito várias vezes a subita
das cotas anula a fixação das especies que se reproduzem.Ao IPIMAR, na altura, foram
entregues vários estudos sobre estas situações.Estudos feitos por particulares.

Anónimo disse...

Foi assumido e imposto por nomes com assinatura reconhecida mundialmente que o tugal passaria a ser território, único e exclusivo, para turismo, isso,TURISMO. Palavra dada, palavra honrada para qualquer"bom aluno" que preze esse excelso estatuto. Reconheça-se que o território tuga tem tido ao longo da sua história "bons alunos": Vasconcelos, Andeiro...outros que ainda não passaram à imortalidade.Esqueçam a agricultura, esqueçam a indústria os principais sectores, alavanca da economia, da criação de riqueza, não ou pouco dependente de outros. Turismo, turismo, e o restante da economia para entreter os resistentes ou conformados a esse desígnio até que morram ou emigrem.Turismo sim, quanto mais atractivo/inovador melhor mas, turismo que não mate, turismo que não destrua, turismo que respeite as raízes ancestrais de um povo.Turismo sim, mas como "reforço vitaminico", não como alimento principal.Sejam felizes.