A abrir o evento, António Pina, presidente da câmara, logo promoveu o auto-elogio do costume, quando afirma que em 2014 o concelho apresentava o maior índice de desemprego para em 2018 ser o 2º menor, fruto da criação de oportunidades de trabalho no turismo e no mar. Ora o cretino presidente devia ser mais claro na sua afirmação porque não se descortina onde foram criados esses postos de trabalho. Antes deve-se ao facto de uma mentira repetida mil vezes passar a ser dada como verdadeira. Porque não dizer que foi o numero de cursos do IEFP que mobilizou mais pessoas, que assim deixaram de contar para a taxa de desemprego?
De seguida tem mais uma estirada ao afirmar que o desenvolvimento da pesca está dependente da gestão territorial, como se essa gestão fosse apanhar algum peixe. O que o presidente pretende dizer com isso, é que se a gestão territorial passar para a competência das autarquias, ele enquanto produtor de ostras, certamente que vai aumentar a sua ocupação territorial, até aqui condicionada. Não diz é que se dele depender, vai acabar com os terrenos baldios, como aquele que ocupa ilegalmente, onde se apanha a ameijoa de semente. Ou seja, aquele pessoal que vive da maré, é para desaparecer se for levado por diante a proposta do Pina. Aos poucos, é o próprio presidente da câmara, eleito para supostamente defender os interesses de quem o elegeu, a correr com as pessoas do seu habitat, para alimentar a sua ganância.
Apresentada como uma grande produtora de sal, a Necton,uma empresa ligada ao regime, tem uma salina onde produz flor de sal, paredes meias com a ETAR, agora desactivada, o que era manifestamente ilegal, só sendo possível aquela produção pelas suas ligações ao Poder político.
Dos restantes intervenientes, destacamos a postura da representante da Cooperativa Formosa, do representante da Olhão Pesca e do José Apolinário.
A representante da Formosa pronunciou-se pela doença e mortalidade dos bivalves e pela introdução de espécies exóticas, como a ameijoa japónica e bateu palmas à construção da nova ETAR.
Subserviente como sempre foi. a representante da Formosa não estabeleceu a relação causa-efeito para as doenças que afectam os bivalves e os leva à morte. É o parasita Perkinsus Atlanticus, introduzido na Ria Formosa com a importação de ameijoa de Itália e da Tunísia, e que encontra na elevada carga de matéria orgânica na agua que encontra o ambiente propicio à sua manutenção. Sem se combater a poluição e o parasita, vamos continuar a assistir à morte da ameijoa.
A ameijoa japónica não se adaptou às caracteristicas da Ria Formosa, não apresentando ainda as características de uma ameaça, mas que ainda assim deve ser combatida a sua presença.
Quanto á nova ETAR, recomendamos à representante da Formosa e a todos aqueles que acreditam nas qualidades do efluente tratado, que o sistema ali aplicado não é tão inovador quanto dizem, estando a ser utilizado desde 2007 na ETAR de Frielas. Mais, para os que acreditam em milagres, recomendamos que façam uma colheita da descarga e deixem decantar durante quinze dias para ver o resultado final. Talvez tenham uma surpresa.
Quanto ao representante da Olhão Pesca, mais parece um representante das autoridades do que o defensor do sector, ao defender que a pesca ilegal é o principal problema, não pondo em causa a captura de juvenis de varias espécies na Andaluzia, não os deixando crescer e chegar á nossa costa. Mas de que pesca ilegal fala? De cerco, não temos conhecimento! A que se refere?
Quanto às declarações do traste do secretário de estado, a boca fugiu-lhe para a verdade, embora ele pensasse que estava dar uma grande noticia. No passado, o Algarve representava 90% da produção nacional de bivalves e a Ria Formosa 80%. Vir regozijar-se por o Algarve representar agora 60% daquela produção, é de cretino. Porque não diz ele a que se deve a diferença?
O que o secretário de estado devia dizer, mas não diz, é que ao mandar depositar, em 2009, no leito da barra da Armona a tubagem da agua e saneamento contribui para o assoreamento daquela barra, obrigando os barcos da pesca a terem de navegar mais doze milhas para chegar ao mar de pesca. Ora isso representa tempo e dinheiro despendido numa altura em que os recursos não abundam. Será que o representante da Olhão Pesca tem algum acordo com o secretário de estado para se manter calado a este propósito?
Aproveitamos também para dizer que na avaliação de ameaças e oportunidades, ela não pode cingir-se a meia dúzia de pessoas, sempre os mesmos, mas devendo ser alargado a toda a sociedade olhanense, recuperando o exemplo da Agenda 21 Local, promovida em 2004.
No fundo, a encenação da comemorações do Dia Nacional do Mar não passou de mais uma palhaçada do regime vigente.