No âmbito do diagnóstico para a elaboração do PROT Algarve, foi apresentado um relatório sobre a pesca na região e que está na altura de questionar o que tem sido feito para melhorar o sector.
Em 1992 existiam 1923 embarcações das quais 381 de pesca costeira e 1542 de pesca local, portanto com menos de 9 metros. Dez anos depois restavam 279 de pesca costeira (-102) e 909 de pesca local (-633), assistindo-se à destruição da frota à media de 70 embarcações por ano. É óbvio que não será possível manter essa tendência, quando não, decorridos mais dez anos, apenas nos restariam cerca de 500 embarcações para todo o Algarve.
É durante esta década que acaba o acordo de com Marrocos e é também nesse período que se verifica que os stocks de pescada da Beirinha, a famosa pescada da Fuzeta, está à beira da ruptura fruto da pesca intensiva com redes de emalhar praticada por barcos do Norte em troca da tradicional pesca do anzol, praticada pela comunidade piscatória local.
A partir de 1988 em função da vinda de fundos comunitários e à pala da progressiva substituição das embarcações mais antigas e obsoletas por outras mais rentáveis mas mais racionais, modernas e diversificadas, começaram a abater a frota.
Apesar de se falar no repovoamento dos sistemas recifais já existentes e outros a criar ao longo da costa, a verdade é que nada foi feito e a pesca definha, apesar do consumo de peixe aumentar de tal forma que somos obrigados a importar cada vez mais, um produto que faz parte da dieta dos portugueses e que os coloca no terceiro lugar do ranking mundial de consumidores de peixe. E aqui cabe uma palvra para o alegorico protocolo celebrado entre os Ministros do CDS que se deslocaram a Olhão para a oferta do peixe que deveria repovoar a costa.
A ausência de uma politica de pesca sustentável, que respeite não só os stocks como a calibragem do peixe com recurso a artes cada vez menos predadoras e o equilíbrio do ecossistema costeiro, estão na origem da degradação acentuada de um sector a rebentar pelas costuras.
A Câmara Municipal de Olhão, fazendo crer apostar na pesca e de quem dela vive, criou um gabinete de apoio às pescas que mais não faz do que colaborar nas propostas de possíveis candidaturas a projectos que possam obter fundos comunitários, pouco se importando com a educação ambiental para a sustentabilidade do sector. Esta politica de faz de conta levará a destruição e ao desaparecimento dos pescadores do concelho, particularmente daqueles que se dedicavam à pesca com processos tradicionais e pouco agressivos, mas poderá ganhar alguns votos.
E porque estamos a poucos meses de um acto eleitoral, seria importante saber o que pensam fazer no futuro os nossos candidatos para preservar a pesca e os pescadores. Que ideias têm se é que as têm.
Sem comentários:
Enviar um comentário