Terminada a 33ª edição do Festival do Marisco de Olhão, porque desde o primeiro dia que a Câmara Municipal de Olhão o vem anunciando como um sucesso, está na hora de fazer uma reflexão sobre o mesmo.
A primeira questão é desde logo a lotação do espaço, uma vez que todos os recintos culturais, desportivos e outros a isso estão sujeitos. É por demais óbvio que a CM Olhão nunca reportou nem nunca o fará qual a lotação do recinto deixando que seja a Policia a determinar quando deve para a entrada de pessoas no recinto. E a policia fá-lo por razões de segurança, algo que devia estar definido pela autarquia.
A lotação do espaço é tão importante para fazer a avaliação do sucesso ou insucesso do festival, porque a partir daí se saberia a quantidade das pessoas presentes. Mas não só, permitia ver também como são as contas deste festival.
É que sabemos que entre free-pass e convites, são cerca de 40% o numero de pessoas que entram à borla. Ora falar-se em sucesso num evento desta natureza com tanta gente a entrar à borla é um pouco exagerado, até porque não se sabe se a receita de bilheteira cobre os custos da organização. Daquilo que foi publicado no portal Base do Governo, sabe-se que os custos com artistas foi de 153.500 euros, 6984 em segurança privada, stands 56.435, som 46.950, aluguer de mesas 11.495 e instalação electrica 6.697 euros, perfazendo um total de mais de 280.000 euros.
Fazendo fé nos poucos números fornecidos pela autarquia e pela sua empresa municipal, o numero de presenças rondará as sessenta mil dos quais apenas 36.000 terão pago o respectivo bilhete. E desses, três dias a 9 euros e os restantes três a 7, o que faz uma media de 8 euros por pessoa. Números redondos as entradas proporcionaram cerca mais ou menos o mesmo que os custos publicados, podendo dizer-se que havia aqui um equilíbrio nas contas.
Só que há outras custos e proveitos de que ninguém fala, como por exemplo o pagamento do pessoal, da publicidade, dos custos energéticos entre outros, sem falar na mamagem da chulagem vip que vem comer à grande e à francesa de borla. E a comitiva não é nada pequena!
Por outro lado, várias foram as criticas aos artistas, mas aí já entra o gosto de cada um e será difícil contentar todos. No entanto há algo que deve ser comentado, porque cada artista tem o seu publico alvo e para um festival de marisco, os artistas devem obedecer a determinados critérios que atraiam um publico possível consumidor de tal. Quando se contrata uma banda em que o publico alvo são do tipo de fast-food e batata frita com ketchup, não será de certeza a melhor aposta para ajudar o negocio. E não devemos esquecer que o ainda presidente da câmara faz uma aposta muito forte numa nova classe política, a dos "facilitadores de negócios" com os quais vem transformando a autarquia num centro de negócios.
Temos ainda a registar o facto de todos os stands estarem obrigados a utilizar o camarão de uma determinada empresa, quando deveriam ser os comerciantes a reunirem e funcionarem como uma central de compras. Deixar que seja a organização do festival a promover essa acção, mesmo que em nome da qualidade, é permitir ou anular a livre concorrência, algo inaceitável, se não mesmo irregular, nos dias que correm. Será que a empresa fornecedora do camarão abastece também os comerciantes nos seus espaços privados? E se assim não for, significa que o camarão vendido nos estabelecimentos de Olhão não tem qualidade?
A verdade é que nos primeiros dias, assistimos a alguns stands queixarem-se da fraca afluência de consumidores. Que raio de sucesso vem a ser este em que o objecto do festival fica para segundo plano?
E que sucesso é este quando apenas num dia a policia achou por bem não permitir a entrada de mais pessoas? Então nos outros dias a lotação não estava ocupada? É isso o sucesso?
Ou o sucesso está na cabeça dos organizadores que aproveitam o evento para se exibirem e apanharem banhos de multidão?
Porque não apresentam os números do festival para se saber a verdadeira face do "sucesso"?
Sem comentários:
Enviar um comentário