Já todos tomámos conhecimento de que a Câmara Municipal de Olhão criou um serviço de saúde o "Projecto Cuidar", recorrendo a serviços privados, para satisfazer alguma clientela ainda que em nome da assistência a todos. Para esse projecto, recorreu a uma parceria com a sua congénere de Vila Real de Santo António com a qual estabeleceu um protocolo com custos para o erário publico.
Mas não é essa a razão que nos traz hoje a comentar a situação da saúde no concelho. Na verdade, a extensão de Pechão do Centro de Saúde de Olhão não funciona desde o inicio de Julho porque a medica que ali prestava serviço meteu baixa. Os responsáveis pelo Centro de Saúde não cuidaram da substituição deixando a população de Pechão sem medico, obrigando-os a deslocar-se a Olhão.
Mais, terminado o período de baixa, a medica retomou o serviço, já não em Pechão, mas em Olhão, tendo o Centro de Saúde de Olhão criado um balcão de atendimento exclusivo para os doentes de Pechão, em que a funcionária administrativa é a mesma que estava na extensão, ou seja, na prática a extensão de Pechão fechou portas e quem quiser saúde que se desloque a Olhão.
Acontece que também todos nós sabemos das dificuldades dos transportes públicos de e para Pechão, o que dificulta a vida às pessoas daquela povoação. Poderão, alguns, recorrer a transporte próprio. Mas a questão não é essa.
Na verdade, e com o tempo isso vai acontecer, a supressão de serviços públicos nestas localidades vai induzir à deslocalização para os centros urbanos onde se concentram aqueles serviços, contribuindo assim para a sua desertificação.
É verdade que a Junta de Freguesia assegura o transporte dos utentes para Olhão, mas nada faz para que regresse a extensão à sua freguesia. Ou seja, a Junta ao comunicar o facto consumado, sabia antecipadamente de que aquele serviço ia acabar mas não chamou os seus fregueses para pressionar a ARS e a direcção do Centro de Saúde de Olhão para o regresso do serviço.
Sendo a autoridade máxima do concelho, seria suposto que a Câmara Municipal e o seu presidente viessem a terreiro em defesa das populações, mas isso não lhe daria a visibilidade que o Projecto Cuidar lhe proporciona.
Não será por falta de dinheiro, mas também já percebemos que para o nosso presidente de câmara, a saúde publica é uma chatice, preferindo a opção privada, como bom "socialista" que é. É que enquanto no Projecto Cuidar ele vai pagando umas cirurgias às cataratas a alguns amigos ou camaradas, que aquilo também não é para todos, e com isso ganhando uns votos, no caso da extensão de Pechão, nenhum valor eleitoral acrescentado, teria.
Ou será que o fim da extensão de saúde de Pechão não é um problema onde o município pode e deve exercer a sua influência? Ou a saúde em Pechão é um luxo?
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