Durante a semana, o presidente da câmara, acompanhado de uma vereadora e de um funcionário da autarquia, deslocaram-se às Barrequinhas, com a intenção de ludibriar os moradores.
O que não dizem é que se pretendem fazer uma permuta de terrenos, considerada área verde, da zona industrial velha com os terrenos ao lado do bairro. Ora, a zona industrial foi objecto de um loteamento e que pela sua dimensão, qualquer alteração tem de ser submetida a discussão publica.
Mas mais, o próprio loteamento da zona industrial poderá estar ferido de nulidade, situação que a seu tempo pode ser levantada. Por isso aconselhamos o presidente da câmara e os seus fieis vereadores a terem uma certa cautela na negociata que se propõem fazer, começando desde logo pela discussão publica.
Mais importante que isso, é no entanto a situação dos moradores do Bairro das Barrequinhas, que não se sabe em que moldes é que vão mudar para as novas casas, caso cheguem e acordo. E já nem estamos a falar daqueles que compraram casas no bairro e que vão ser espoliados sem quaisquer direitos.
Os terrenos das Barrequinhas, sul e norte, foram cedidos por um grande proprietário de Loulé para que os pobres de Olhão ali pudessem montar as suas barracas, hoje casas. Com a chegada do caminho de ferro, o bairro foi dividido entre norte e sul consoante a localização face ao caminho de ferro. Não eram terrenos do Estado ou da autarquia, mas sim privados e quem detinha a posse eram os moradores, razão pela qual são eles que podem exercer o direito de usocapião.
Foi com muito trabalho e suor que as famílias foram construindo as suas casas e como tal propriedade sua, algo que a câmara agora lhes quer tirar.
Aquelas famílias têm de saber antes em que condições vão ser mudadas, já que passam de proprietários a inquilinos; de uma casa sem custos, passam a pagar uma renda que nem está quantificada. Só depois de saberem exactamente em que condições vão ser realojadas é que devem chegar a acordo ou desacordo.
Percebemos que a câmara queira limpar a zona, dar uma nova apresentação à zona, para valorizar os empreendimentos imobiliários que se preparam para ali, mas isso são negócios para os quais os moradores não são tidos nem achados, não têm qualquer participação nas mais valias da especulação.
Logo quem vai beneficiar com os negócios que se aguente com os custos de realojamento, para não acontecer o mesmo que aconteceu com a construção do hotel e do Marina Village, em que venderam os terrenos por tuta e meia e os custos de realojamento dos moradores dos pré-fabricados, ficou por conta da autarquia, acabando por subir as rendas.
Certa é a negociata da permuta mas no que diz respeito aos moradores do bairro, nada está definido sobre propriedade ou rendas, e por isso os moradores não devem fazer acordo sem tudo estar esclarecido.
Menos negocio e mais atenção às pessoas!
Sem comentários:
Enviar um comentário