quarta-feira, 24 de junho de 2020

RIA FORMOSA: A MORTE ESPREITA DEPOIS DE CRIME AMBIENTAL

 1 -  O ano de 2010 marcou definitivamente o rumo que o Poder politico definiu para a Ria Formosa. Estávamos então na era de José Sócrates, o 1º ministro que deu posse à Sociedade Polis que viria a cometer os maiores crimes contra a Ria. 
Em Março de 2010, o mar galgou a Ilha da Armona, na Fuzeta, tendo aberto uma barra naturalmente, com os técnicos a apresentarem um relatório técnico em que se dizia que se o mar não consolidasse a barra assim aberta, que a mesma deveria ser, no local, aberta artificialmente. Assim não aconteceu por escuros interesses políticos e a cumplicidade da Câmara Municipal de Olhão.
Na mesma altura, deu-se a transposição de seba da Ria Formosa para o Portinho da Arrábida que durou dez anos, e em seu lugar foram plantados quatro metros quadrados de uma erva invasora e infestante que não serve de habitat a nenhuma espécie marinha, que degrada os fundos apodrecendo tudo à sua volta, um verdadeiro crime que os autores negam porque sabem a gravidade do problema. Já a classe politica está calada porque a presença da erva cumpre o objectivo de correr com aqueles que têm procurado o sustento das famílias para no seu lugar impor a presença de estranhos.
Um crime ambiental, mas também social e económico de que ninguém quer falar!
2 - No ano de 2010, a Sociedade Polis, presidida por Valentina Calisto, resolveram satisfazer um pedido privado, abrindo uma barra no "fundo de saco" da Ria Formosa, com a colaboração da Câmara Municipal de Vila Real de Sº António que disponibilizou as maquinas. 
Na sequencia, ao primeiro vendaval, a barra aberta artificial e criminosamente pelas entidades publicas, fragilizada que estava, abriu as portas para o galgamento que destruiu a Peninsula de Cacela, destruição essa que não foi nem será colmatada por quem a originou.
Na altura alertámos para o risco daquela barra, localizada em frente ao Forte e Igreja, já que o risco da agua chegar à barreira de arenito onde estão implantadas aquelas duas estruturas, poderia determinar a derrocada dos mesmos.
Passados dez anos, o cenário piorou e infelizmente estamos mais próximos do fim de importante património histórico edificado mas também do património natural e paisagístico do que resta do Algarve virgem.
A imagem de cima é de Dezembro de 2019 e permite ver a proximidade da agua à barreira, com a maré baixa. Imaginem os nossos leitores o que poderá acontecer durante os equinócios, com as grandes marés vivas se houver uma conjugação com vendava. 
Nas restantes imagens pode ver-se a erosão provocada pelas marés e as consequências que dali virão se esta tendência não for invertida. É que a margem, se isso se pode chamar, vai afundando a estreitando a ponto de a continua erosão poder provocar a derrocada do património, nada que preocupe a Direcção Regional de Cultura, da Agencia Portuguesa do Ambiente, da CCDR, da Câmara Municipal de Vila Real de S.º António.
 
3 - Normalmente as pessoas, imbuídas de um certo egoísmo, só se preocupam quando o problema lhes bate à porta, não se preocupando com a situação do vizinho do lado. Estão nesse caso, todos aqueles que dizem defender a Ria Formosa e o Algarve, assistindo impavidamente à destruição do que de melhor temos.
Cacela Velha faz parte da Ria Formosa, sendo uma obrigação nossa e de todos os algarvios a defendermos, ajudando a única associação representativa de defesa do património existente naquele sitio, a ADRIP, fazendo repassar a situação tantas vezes quantas as necessárias para levar os coveiros do País a repor na situação original aquilo que destruíram. Não são apenas os particulares que têm de ser punidos, o próprio Estado através das suas instituições deve ser punido pela irresponsabilidade e negligencia criminosa.
Os crimes cometidos nesta zona da Ria Formosa podem ditar a morte de importante património histórico, cultural e ambiental.
4 - Pela parte que nos toca, tentaremos manter a chama da luta por uma Ria Formosa para as comunidades da Ria onde os visitantes se sintam bem e queiram voltar, não para degradar os descaracterizar o que ainda se mantem virgem.
Voltaremos ao assunto nos próximos dias e apelamos a todos para divulgarem o que ali se passa. Cacela Velha merece-o!

2 comentários:

Anónimo disse...

A Comunidade Europeia que investigue como única forma independente, competente e séria.

Unknown disse...

Agradecia que acabassem de uma vez por todas de lançar este boato de que "foram plantados quatro metros quadrados de uma erva invasora e infestante que não serve de habitat a nenhuma espécie marinha, que degrada os fundos apodrecendo tudo à sua volta, um verdadeiro crime que os autores negam porque sabem a gravidade do problema."

Já agora, o meu nome é Rui Santos e sou Professor na UALG e investigador no CCMAR e estou precisamente a estudar o desenvolvimento da Caulerpa prolifera na Ria Formosa (a erva invasora referida no artigo) e os seus efeitos na biodiversidade e no funcionamento da Ria. Não, não fomos nós que a introduzimos, ela foi referida para a Ria pela primeira vez no século 19 e o que acontece é que agora encontrou condições ideais para o seu crescimento. Esta alga é do Mediterraneo e está também presente em Cadiz e em Huelva.

Se quiserem organizar uma sessão publica sobre a Caulerpa prolifera em vez de perpetuarem estes boatos, terei muito gosto em participar.

Cumprimentos