Depois de uma degustação de ameijoa boa da Ria Formosa, que contou com a presença do secretario de estado das pescas e do presidente da AMAL e da Câmara Municipal de Olhão, qual salvadores dos produtores de ameijoa, mas foram "descobertos" casualmente por um certo canal de televisão, como se pode ver em https://sicnoticias.pt/pais/2020-07-17-Governo-lanca-campanha-para-consumo-da-ameijoa-da-Ria-Formosa-?fbclid=IwAR3sQbgvo3-Dfgop_9Hihz2B1Zjbvnbc5FL6KBUhva2o2ldgIOJ18ZStvic. Tudo limpinho!
Enquanto o Pina descobria que a Ria Formosa era o equivalente da Auto Europa no Algarve, nem uma palavra teve sobre a poluição provocada pelos esgotos directos e o mau funcionamento das ETAR e das suas consequências para a produção de bivalves.
Por seu turno, o desastrado do Apolinário, diz pretender estabelecer a ponte entre as grandes cadeias de distribuição alimentar e o sector da moluscicultura, promovendo o consumo nacional de ameijoa boa.
O que o Apolinário não disse é que nos negócios com aquelas cadeias de distribuição, são elas quem estabelece as regras como preço, prazo de pagamentos, promoções ou devoluções de mercadoria. É a logica do mercado a funcionar. Não foi por acaso que outros tentaram e desistiram porque aquilo que as ditas empresas querem é o lucro à custa de quem trabalha, reduzindo as suas condições de vida.
Ao invés disso, o secretario de estado na sua qualidade de governante e de agora grande defensor dos produtores, poderia ajuda-los sim, se os encaminhasse para empresas de impor-export noutros países. Lembramos que a Suiça é a pátria do turismo e não tem mar mas certamente consomem marisco fresco; o Reino Unido, Luxemburgo, Alemanha e tantos outros países para não falar no vizinho do lado, fazendo-lhes chegar os bivalves da Ria Formosa a Barcelona, a região mais rica de Espanha e que não tem ameijoa ou a Madrid que não tem mar.
As embaixadas têm adidos comerciais que fornecem listas de empresas nos países que representam e o secretario de estado sabe melhor que ninguém como se faz isso; o transporte de avião no espaço comunitário não encarece substancialmente os preços dos bivalves com aqueles países a pagarem valores mais altos do que na vizinha Andaluzia. Isso permitia a diversificação dos mercados, não ficando dependentes de um grupo restrito como vem acontecendo.
Mais que o almoço, as propostas de Pina e Apolinário são uma forma de engar os produtores, passando-lhes a mão pelo lombo para não fazerem ondas. Do tipo que com papas e bolos se enganam os tolos! Enquanto os produtores vivem dias de amargura e de escassos apoios, e por isso compreendemos a sua ansia na colocação do produto do seu trabalho, o que lhes oferecem é um prato de migalhas. Quanto mais os produtores se lamentarem da sua fragilidade, mais as tais cadeias de distribuição se vão aproveitar.
A diversificação de mercados, uma rede de escoamento mais alargada terá de ser o futuro. Para isso terão, com organização, de estudar novas formas de venda do seu produto, aproveitando as diferenças de preços noutras paragens.
A pandemia veio para ficar por muito mais tempo; nada vai ser como antes e por isso as respostas têm de ser diferentes, mas os produtores é que sabem como querem resolver as suas vidas.
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