segunda-feira, 21 de junho de 2021

OLHÃO: O FIM DA PESCA E DA INDUSTRIA NESTA TERRA

 Anunciado como uma surpresa, foi publicado o video de mais uma encomenda da autoria da arquitecta de serviço na descaracterização da cidade, já que esteve presente na chamada requalificação da Avenida 5 de Outubro e dos Jardins. Sempre a mesma! O video pode ser visto em https://www.facebook.com/cmolhao/videos/1243354206080383/ e só pode constituir surpresa para quem anda distraído porque de há muito que o dizemos e pelas piores razões.
Como curiosidade, atente-se na data do video, Setembro de 2020 para se perceber porque levaram nove meses para o publicar, ou não estivesse-mos em pré-campanha eleitoral.
O importante é a transformação que o poder politico pretende fazer nesta zona da cidade. Como se pode ver nas imagens o lado poente do porto de pesca está condenado a ser transformado em marina e na sua zona envolvente vão ser introduzidos elementos que, ainda que acessiveis ao publico em geral temporariamente, estão ao serviço do turismo.
Conjugando a requalificação da Avenida 16 de Junho com a requalificação do lado nascente da 5 de Outubro, onde até inventaram o parque da Conserveira, e com a Area de Reabilitação Urbana do Levante, toda a frente de mar do lado nascente vai ser destinada a fins turistico-imobiliarios.
Algumas pessoas que não conseguem contextualizar o conjunto de intervenções, até por serem apresentadas a conta gotas, batem palmas sem se darem conta que a evolução natural destes projectos, vai ditar o fim da pesca e da industria, até mesmo a que está situada a nascente do porto de pesca. É apenas uma questão de tempo, o mesmo que levou a descaracterizar as anteriores intervenções. 
Se a isso juntarmos a Area de Reabilitação Urbana do Mundo Novo, entalada entre o caminho de ferro e a Barreta e o fim das Barrequinhas Sul, o que fica do Olhão que conhecemos, é a zona entalada entre a Rua das Lavadeiras e a Rua Almirante Reis. E restará esta se a ganancia dos patos bravos não se sobrepuser à manutenção das caracteristicas do edificado.
E se o patrimonio edificado  é importante o património humano não o é menos. Foram os pescadores que criaram a cidade e foram as operárias conserveiras que ajudaram à economia local. Nessa altura eram os herois, mas o novo poder politico, trata-os agora como vilões.
A valorização patrimonial nestas zonas vai induzir ao aumento das rendas e do preço dos fogos, algo que as pessoas simples e humildes, com uma vida de trabalho duro, não vão conseguir suportar, tendo que mudar-se para norte do caminho ferro.
Já em tempos alertavamos para o facto do caminho de ferro se transformar na fronteira da cidade, a sul o Olhão rico e a norte o Olhão pobre. Esquecem estes senhores que aquilo que também estão a promover, é o aumento da criminalidade. As pessoas que, por força destas politicas, veem os seus rendimentos cada vez mais reduzidos, com grandes bolsas de miséria, vão ser empurradas para a sobrevivência nem que para isso tenham que andar um puco à margem da Lei.
Quando completado o cerco de betão resultante de tanta requalificação que sobra desta terra? Quem poderá aceder à zona dos ricos para beber um café? Os do norte vão ser os criados do sul. Mas que raio de politica de merda é esta?

2 comentários:

Anónimo disse...

Bem visto este texto, mas acham que os olhanenses estão preocupados, fartam-se e ver o video e batem palmas ao Pina como já deu para ver pelos comentários, a parte económica as pessoas esquecem que daqui a uns tempos não terão a acesso na baixa, só mesmo para passearem tirarem fotos no miradouro e colocarem nas redes sociais.

Julio Costa disse...

Pois quando exigirem 130 euros por mes para ter uma chata na doca como me oedem nos patinhos ai ja nao acham piada. As gentes de olhao sempre tiveram os seus botes agora vao ser obrigados a deixar de ter pois quando o estado me da uma reforma de 322 euros e me pedem 130 por mes para ter o barco na agua ao fim de 60 anos de ter barco tenho de o vender. É triste mas tenho de agradecer ao progresso. Obrigada Pina