O planeamento de qualquer cidade não pode ou não deve ficar refem do poder politico pessoal, devendo tanto quanto possivel ser discutido e participado com as populações.
Em 2004 o municipio de Olhão organizou uma tentativa de discussão e participação das pessoas, criando a Agenda 21 Local. Para tal contratou os serviços de uma universidade que organizou as pessoas por bairros, associações socio-profissionais e outras para que se pronunciassem sobre aquilo que entendiam como prioritário para o concelho. Mas os resultados não foram ao encontro das pretensões de quem detinha o poder politico, o partido dito socialista, que acabou por rasgar a Agenda.
O mesmo poder, ainda que interpretado por outros actores do mesmo partido, não desarmaram e têm vindo a elaborar planos, dando-lhes um cunho pessoal ao definir eles os objectivos que pretendem alcançar sem terem em conta a opinião das pessoas.
Foi assim como Plano de Pormenor da Zona Histórica onde as pessoas se pronunciaram contra alguns aspectos e até fizeram uma petição a nivel internacional, que contou com a participação de arquitectos estrangeiros e que estavam contra o que se programava. Era a descaracterização da Zona Histórica!
Foi assim com o projecto dito de requalificação da Avenida 5 de Outubro para alargar os passeios para acolher mais espaços para as esplanadas e substituir a calçada portuguesa por lages de pedra de escarpão, contra o qual houve muitas manifestações contra. Quero, posso e mando, disseram eles! E até à ultima da hora ficou por resolver se a Avenida ficava com umou dois sentido de transito, que a eliminação de lugares de estacionamento já estava definida.
Foi assim com a dita requalificação dos Jardins Patrão Joaquim Lopes e Pescador Olhanense, porque o presidente que entendia que aquilo não prestava porque tinha sido uma obra do Estado Novo. Foi encetada uma audição publica com a participação dos arquitectos responsaveis pelo projecto onde as pessoas intervenientes se manifestaram contra. De nada serviu porque a gestão politica é surda!
Seguem-se os projectos para as Areas de Reabilitação Urbana do Levante e do Mundo Novo. Mais do mesmo!
Tudo isto é concebido por gabinetes de arquitectura paisagista, que nem sequer obedecem aos critérios estéticos e sustentaveis dos lugares mas apenas para desenhar aquilo que os responsaveis politicos entendem. Podem ser os melhores especialistas nas suas areas profissionais, mas o dinheiro que lhes pagam fala mais alto que os seus conceitos. E sabemos que houve situações em que os arquitectos pretendiam fazer algo diferente mas foram aqueles os objectivos definidos, porque sim!
Quando definiram o fim do estacionamento no lado norte da Avenida 5 de Outubro, nos Largos Históricos e no lado sul dos Mercados, desde logo deviam ter definido o sistema de controlo de circulação e estacionamento em toda a area, mas esqueceram-se! É o habitual planeamento!
Goste-se ou não, os Mercados são uma grande superficie que carece de um parque de estacionamento. Os operadores são obrigados a estacionar na sua envolvência porque a reconstrução dos Mercados não cuidou de os dotar de um sistema de refrigeração quando os produtos frescos ali vendidos são pereciveis; as toldas não têm frio e tão pouco a câmara frigorifica oferece condições para armazenar o peixe.
Mas parece que há algumas pessoas que gostariam que os Mercados fossem transferidos para outro lugar onde fosse possivel criar um parque de estacionamento. Acontece que os Mercados são a âncora de toda a baixa e quando forem retirados dali, é todo o comercio da zona, e que já só se aguenta a balões de oxigénio, que morre.
Cuidem-se! E votem mais neste tipo de planeamento!
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