quarta-feira, 10 de abril de 2013

QUE FUTURO PARA A RIA FORMOSA?

Em meados de Janeiro, o secretario de estado do mar, inventou um despacho pelo qual a Ria Formosa está de boa saúde e entregue a gente de bem, como a Águas do Algarve, a ARH e as Câmaras Municipais, entidades que ao longo dos anos, mais não têm feito que matar a nossa galinha de ovos de ouro. E não se pense que se trata de um acto isolado ou inocente, porque na verdade o que ele consubstancia, é uma orientação estritamente ideológica para as pescas.
O problema começa desde logo com a fixação de calibres mínimos para a captura das espécies no habitat natural mas que no caso das aquaculturas não é imposta qualquer calibragem, permitindo que se faça batota e dando vantagem aos aquacultores em determinadas espécies.
Ainda recentemente os Ministros da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, estiveram na zona para ofertar o peixe produzido nas instalações do IPIMAR, a instituições de solidariedade social e que oportunamente denunciámos, não pela generosa oferta, mas pela demagogia do acto a roçar um eleitoralismo balofo.
Questiona-se porque o IPIMAR, não promove o repovoamento com as espécies que reproduz em cativeiro, contribuindo para a continua degradação dos stocks daquelas espécies?
Pois bem, chegou agora a vez da UALG anunciar a reprodução do choco, como se pode ver em http://www.diarionline.pt/noticia.php?refnoticia=135494 .
O investimento na ciência, por muito diminuto que seja, a partir do momento em que estão envolvidos capitais exclusivamente públicos, deve ter em conta o beneficio para toda a população e não apenas para uns escassos iluminados destas bandas. O que está em causa, é colocar a investigação cientifica para servir a aquacultura e não a pesca no seu todo, porque o objectivo é acabar com a pesca tradicional, actividade que envolvia e ainda envolve parte significativa da população da Ria.
Quanto às dificuldades da reprodução em escala, tal deve-se ao mais subdimensionamento do Centro do Ramalhete, valendo o esforço e dedicação meritório de quem conduziu a investigação.
E não venham os investigadores dizer que é por causa da pesca ilegal, e nesse aspecto estamos com eles, mas pela falta de fiscalização na utilização de artes proibidas. Mais, se alguns pescadores praticam tipos de pesca que põe em risco o futuro da pesca, tal deve-se por um lado à escassez de meios de sobrevivencia e por outro pela ignorância que só será combatida com educação ambiental, levando para o terreno pessoas que expliquem como preservar a pesca e o futuro, embora admitamos a existência marginal de pequenos infractores.
É bom que fique claro o excelente trabalho dos técnicos que nunca será demais ressalvar, mas a nível da decisão, constatamos uma carga essencialmente ideológica por detrás destas andanças. Sabe-se de há muito que está preparada a liquidação da pesca tradicional e é preciso encontrar outras formas mais sofisticadas para satisfação de certos "clientes" ligados ao Poder e que por essa via podem sacar os milhões da CEE, como sempre tem sido feito neste País.
O português é o terceiro consumidor mundial de peixe e apesar da sua enorme costa, consome cada vez mais peixe congelado, um lobby importantíssimo, e peixe importado mas pescado nas nossas águas. É esta a politica dos nossos governantes, que quais eucaliptos, secam tudo por onde passam.

1 comentário:

Anónimo disse...

sem organização, certo que vai piorar