terça-feira, 9 de janeiro de 2018

RIA FORMOSA: PROBLEMAS ANTIGOS COM SOLUÇÃO ETERNAMENTE ADIADA!




As imagens acima reportam uma parte da monitorização encomendada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), na sua qualidade de responsável pelo ambiente na região algarvia, ao CIMA da UALG em 2001/2002, a que foi dado o titulo de "Impacte da Descarga de Aguas Residuais Urbanas no Sistema Lagunar da Ria Formosa, documento entretanto desaparecido da internet.
Pela imagens dá para perceber que, já naquela altura, os níveis de oxigénio estavam abaixo dos valores recomendados, mas também que os níveis de amónia eram superiores 40 a 50 vezes aos da Ria, que o fosforo 50 a 100 vezes aos da Ria e a clorofila 50 a 75 vezes o valor normal da Ria.
Podíamos ainda citar outras situações que ajudavam a compreender o estado de eutroficação da Ria Formosa, mas entendemos que estes bastam. Qualquer pessoa compreenderá que perante tanto fosforo e amónia farão multiplicar o numero de algas que no seu processo de decomposição consomem o oxigénio dissolvido na agua, sendo este indispensável à vida do fito e zooplancton como de toda vida marinha. Da mesma forma que, passados quinze anos sobre aquela monitorização e as continuas descargas de esgotos directos, sem tratamento, e as descargas das ETAR com enormes quantidades de nutrientes e fitoplancton nocivo, seja natural a degradação da qualidade ecológica das aguas da Ria Formosa.
Para alguns distraídos e comparsas do Poder. seria bom que percebessem que a eutrofização da Ria é um facto indesmentível e que isso põe em causa o futuro das actividades tradicionais da Ria Formosa, como a pesca, a moluscicultura mas também com as pradarias marinhas e o cavalo marinho, cuja colónia está quase extinta, apesar de todas as protecções que dizem ter.
Não basta apontar o dedo aos particulares que capturam espécies protegidas quando é o próprio Estado que comete o mais grave dos crimes ambientais, poluindo as aguas, o ar e também os solos. 
Para que percebam melhor o que está em causa. de seguida damos a conhecer um resumo de um Acórdão do Tribunal Europeu de Justiça sobre o conceito de eutrofização, razão que levou aquele Tribunal a condenar a França por não ter declarado como estando sujeita a eutrofização alguns rios.


Do Acórdão resulta que os Estados membros estavam, e estão, obrigados a identificar as zonas para as quais a descarga de aguas residuais contribui para a eutrofização, cujo conceito vai para alem protecção dos sistemas aquáticos e que tem em vista preservar o homem, a fauna, a flora, o solo, a agua, o ar e a paisagem.
A classificação da Ria Formosa como Zona sensível em risco de eutrofização, obrigará a um nivel de tratamento superior àquele que pretendem instalar na nova ETAR e determinará o fim dos esgotos directos, situação que já devia estar ultrapassada por força da Lei Quadro da Agua que fixava o prazo limite em 2015-
É por demais óbvio que não cruzaremos os braços e continuaremos a lutar pelo fim da poluição da Ria Formosa, venha ela das ETAR ou dos esgotos directos, porque é a fauna, a flora e todos aqueles que vivem e sentem a Ria Formosa como o seu património.
A LUTA CONTINUA!

1 comentário:

Anónimo disse...

Depois alardeiam que a culpa do desaparecimento quase por completo de uma das maiores colónias de cavalos marinhos do planeta Terra se deve à sua captura assassina efectuada por uns quantos marginais. Em verdade, crime lesa-pátria: uns na captura e outros por poluição ao longo de décadas. Alguém tem de ser sério e de forma construtiva denunciar o que mal está.