quinta-feira, 5 de abril de 2018

ALGARVE: O MINISTRO DO MAU AMBIENTE!

Depois das habilidades que levaram a que a Celtejo a ficar isenta de qualquer penalização pela poluição do Rio, depois de ocupar compulsivamente o terreno de um particular para nele depositar lamas contaminadas, depois de dizer que era mais importante resolver o problema da poluição do que apanhar o criminoso, eis que o nosso ministro do mau ambiente, desce ao reino de Marrocos para vir dizer que só tem 800.000 euros para gastar com as praias.
Destes, duzentos mil ficam para o concelho de Olhão e pouco mais do que isso para Faro e muito menos do que isso para Vila Real de Santo António. Para a Peninsula de Cacela nem um chavo!
As verbas destinam-se essencialmente à recuperação de passadiços e cais, não estando previstas grandes intervenções a nível de repulsão de areias para as praias, a não ser em casos pontuais e configurando mesmo o apoio a autarquias controladas pelo partido do governo.
Os vendavais que se fizeram sentir no inicio da primavera, arrasaram a maioria das praias do Algarve, necessitando de intervenções quase todas elas, que antes do mais devem ser pensadas, discutidas e só depois decididas.
É que se for um ambientalista a pronunciar-se sobre o tema, ele terá a tendência para apresentar a sua visão ambiental, sem ter em conta a relação causa/efeito, não porque não o saiba ou por qualquer intenção malévola, mas antes pelo vicio, tal como qualquer outro profissional em relação à área em que se insere.
A alimentação de areias da costa portuguesa provinha dos rios selvagens, que a construção de barragens impediu a passagem de sedimentos para a costa. Na costa algarvia, a principal fonte de alimentação eram as arribas de arenito, mas para isso era preciso que a agua do mar chegasse às arribas.
Com a construção de molhes e esporões, as areias que tendencialmente se deslocam de poente para nascente, passaram a ficar retidas no lado poente daquelas infraestruturas. Ou seja, as areias que vinham do Barlavento para o Sotavento deixaram de circular, criando um défice no lado nascente do Algarve, ficando as zonas de Cabanas de Tavira e Cacela completamente desprotegidas.
Continuar a repulsar areias não é neste contexto a melhor solução, embora de momento ela seja necessária mas não será com os 800.000 euros anunciados pelo ministro, que isso não dá sequer para começar.
Sem se corrigir os problemas criados pela construção dos molhes e barras, sem a adopção de medidas compensatórias, nunca mais teremos descanso com as nossas praias e com o que elas representam em termos económicos e sociais. E por isso há anos que levamos a defender a colocação de recifes artificiais em mangas geo-texteis, paralelos à linha de costa, a uma distancia de 200 a 300 metros para alterar a energia das ondas e provocar o crescimento, em largura e altura, das manchas de areal nas praias.
Sendo feito com material geo-textil, os recifes artificiais multifuncionais, têm a vantagem de não criarem problemas irreversíveis, podendo ser removidos com a maior das facilidades, mas também criarem um banco de biodiversidade. Estes recifes não criam problemas ambientais.
Este tipo de intervenções sai muito mais económico e eficaz que a continua repulsão de dragados para as praias.
Mas nada neste ministro espanta. Se os nossos leitores forem pesquisar sobre a carreira profissional deste ministro, encontrarão ligações a empresas que se servem do ambiente para grandes negócios ligados ao sector turístico-imobiliário, para quem elaboram estudos com vista à aprovação de projectos que de outra forma não tinham condições para serem aprovados. Mais um ministro que devia ser investigado!
Qual ambiente, qual carapuça! Viva o dinheiro!

1 comentário:

Anónimo disse...

O mar leva areia, recarrega-se areia, o mar leva areia, recarrega-se areia..., tal qual a condenação de Sísifo na versão areia a facturar com lucro sempre garantido. Por motivos óbvios, como o diabo da cruz, fogem da solução das mangas geo-texteis a 200 300 da costa formando permanentemente barreiras naturais com evidentes benefícios a curto médio prazo. Até parecer o contrário, qual ambiente, qual carapuça! Viva o garimpanço dos milhões.