Uma das entidades envolvidas no licenciamento dos viveiros é a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), sendo ela a responsável pela cobrança da taxa de recursos hídricos, mas também pela qualidade ecológica das aguas.
Já aqui referimos muitas vezes a péssima qualidade da agua mas a APA considera que ela é excelente. É evidente que para tal avaliação contribuem determinados parâmetros mas são omitidos outros, os menos convenientes.
São os especialistas que se dedicam ao estudo dos bivalves que consideram estes serem bio-indicadores da qualidade ecológica da agua. Bastaria a constatação de que temos duas zonas de produção desclassificadas, há cinco anos, para se perceber que a tal "excelência" não é mais do que legitimar os focos de poluição como as descargas das ETAR e dos esgotos directos.
Mas existem outros meios de poluição e um dos que mais tem sido falado nos últimos tempo, até pela intervenções da ministra do mar, que são os plásticos, mas não só. Obviamente que estamos contra a utilização dos plásticos, como todos aqueles que se dizem contra. No entanto alertamos para a situação daqueles que se dizendo contra, o usam com frequência até pela necessidade do seu ganha pão.
Vem isto a propósito do cerco ,montado aos produtores de ameijoa que usam caixas de plástico, pneus ou blocos de cimento para proteger os viveiros da erosão provocada pelo cachão das embarcações. E aqui temos mais uma falta de esclarecimento por parte da entidades envolvidas no processo da Ria Formosa. É que há um regulamento que condiciona a velocidade das embarcações que ninguém respeita, começando pelas autoridades marítimas que se julgam os donos dos mares. Basta ver a velocidade a que entram e saem as vedetas sem haver nada que o justifique.
Os produtores de ameijoa têm vindo a ser ameaçados de pesadas coimas se não retirarem as protecções, podendo mesmo ver cassaçadas as respectivas licenças, algo que seria encarado como mel na sopa, já que ficariam mais terrenos disponíveis para uma certa qualidade de gente que não vê mais que o dinheiro, nomeadamente aqueles que têm capacidade de influenciar as entidades publicas.
Estamos a falar dos senhores que nunca viveram da Ria e que por força dos seus cargos querem produzir ostras, produção que o governo e a UE subsidiam, subsidio esse que não têm para a produção de ameijoas.
Empatam cêntimos para ganhar milhões!
No ultimo paragrafo da imagem de cima e primeiro da de baixo, pode constatar-se que a APA considera que na produção de ostras, a introdução de substancias como ferro, amianto, microplasticos e disruptores endócrinos e neurológicos como PAH - hidrocarbonetos aromáticos policlicos e PCB - bifenis policlorados, constituem fontes prováveis de contaminação do espaço lagunar ... mas só se forem abandonados, embora contribuam negativamente para a degradação paisagística.
No que ficamos afinal? O ferro e os plásticos apenas contaminam ou não? Será que os plásticos utilizados na produção de ostras não são tão contaminantes como as caixas? Que raio de contradição é esta?
A razão é simples. A subserviência do Estado português em relação à UE, o pôr-se de cócoras perante o poder francês e a cumplicidade da ganancia de alguns portugueses, financiando os projectos ostreícolas obrigam ao fechar de olhos dos impactos negativos que a produção intensiva tem na Ria.´
Ainda que no documento se proponha uma redução da densidade de sacos por hectare, ela não deixará de ter impacto, já que a ostra tem uma capacidade filtradora cem vezes superior à da ameijoa e na competição entre espécies pelo alimento e oxigénio, em regra sucumbe a mais fraca. Sendo assim, deveriam ser, sim fixadas zonas separadas para a produção de bivalves, não permitindo a produção mista, sob pena de a breve prazo, nem ostras nem ameijoas, sendo esta ultima a actividade principal da Ria Formosa.
Claro que a uma certa canalha política a produção de ostras enche-lhes os bolsos sem terem que molhar os pés, e não abdicam de usar toda a espécie de influências junto das instâncias superiores, utilizando os canais partidários. Esquecem é que vão empobrecer muita gente.
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