Desta vez não foi por causa de vendaval, mas sim porque não há nenhuma política de defesa e combate à erosão costeira, que permitiu que as aguas do mar galgassem a Praia de Faro.
Segundo relata o jornal Sul Informação em http://www.sulinformacao.pt/2018/04/subida-da-mare-provocou-estragos-na-praia-de-faro/, as marés vivas deste quarto lunar, invadiram as ruas da Praia de Faro. Não diz aquele jornal, mas dizemos nós, que os estragos só não foram maiores porque há casas em cima da ilha que evitam o espraiamento das areias para dentro da Ria Formosa.
Atribuir ás casas a culpa pelos galgamentos, só por má fé ou desconhecimento completo do que se passa com as ilhas barreira da Ria Formosa. Não que sejamos defensores das construções, mas porque sem uma política de defesa costeira jamais se evitarão episódios de galgamentos.
Todas as zonas ribeirinhas da Ria Formosa estão num nível bastante baixo e com o crescimento das marés vivas, é possível ver a agua `quase chegar às ruas mais próximas, isto sem vendaval. Seria bom que as pessoas reflectissem no que aconteceria se desaparecessem as ilhas barreira, a grande defesa das povoações ribeirinhas.
Desde há muito que vimos alertando para o facto da movimentação das areias se fazer tendencialmente de poente para nascente, movimento que a construção de molhes e esporões veio impedir, causando défices de areia a nascente daquelas infraestruturas. Essas sim, são as grandes responsáveis pela degradação de todo o cordão dunar da Ria Formosa e não as casas como erradamente se tenta incutir na cabeça das pessoas.
Mas hoje à técnicas diferentes, com processos que não são irreversíveis caso corram mal e de custos relativamente baixos. Estamos a falar dos recifes artificiais multifuncionais em mangas de geo-têxteis, que são cheios com a areia dragada no local.
Estes recifes são muito utilizados para a criação de ondas para o surf e nos sítios onde têm sido implementados, as monitorizações mostram um crescimento da mancha de real que oscila entre os 2,6 e os 7,4 metros/anuais.
Os recifes artificiais multifuncionais são colocados paralelamente à linha de costa a uma distancia que varia entre os duzentos e os trezentos metros daquela linha, alterando a energia das ondas e fazendo com que a rebentação das ondas se faça no plano da agua.
O Poder político sabe-o mas finge ignorar, preferindo a política de remendos todos os anos, repulsando areias para as praias com o único fito da exploração balnear, mas nunca em defesa das populações ribeirinhas.
Enquanto assim for, todo o cordão dunar da Ria Formosa estará em risco permanente, embora nalguns casos, onde o fluxo turístico é maior, se apliquem os tais remendos como acontece, e mal, na Praia do Barril.
Não devemos deixar de dizer que ao Poder político foi feito chegar a ideia, que aliás, a engenheira Valentina Calixto, à época presidente da ARH, reconheceu ser uma solução a ponderar. Passados estes anos verificamos que não houve ponderação alguma, porque será mais interessante manter a necessidade de obras permanentes, que isso é que dá de ganhar aos amigos do Poder político.
Para quando um debate e intervenção séria sobre este assunto?
2 comentários:
Excelente, sério, verdadeiro, o depoimento do Olhão Livre; Alguém conhecedor e com seriedade que faça o contraditório. Sejam felizes nesta república dominada por mafiosos.
Ena pai, olha aquele mar em que se transformou a estrada junto ao Parque de Campismo da Praia de Faro. Que sensação de segurança, que sensata, que inteligente,que iluminada decisão anunciada na última reunião de câmara da CMF no realojamento em 46 casas pré-fabricadas parte dos moradores nas pontas da Praia de Faro naquele Parque de Campismo. Espera-se que cada casa tenha obrigatoriamente um Kit de salvamento constituído por coletes e bóias em igual número do agregado familiar ihihihih.
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